Crumble de Marmelo

Ele não gosta de gatos. Mas todos os gatos gostam dele. “Talvez porque tu próprio és um gato”, respondo-lhe eu ao meu marido em tom piroso, recebendo por isso um esgar jocoso de náusea. E como o universo tem formas estranhas de se manifestar, o que é que apareceu cá em casa? Um gatinho que adoptou o meu marido como dono. Meigo, lindo e simpático, tem imposto a sua presença. Tencionamos perceber se ele tem chip, mas enquanto não o conseguimos fazer, tem sido uma aventura com este pequeno felino.

Desencontramo-nos nas barreiras linguísticas, nos ronronares sobre diferentes necessidades e nos horários tão distintos. Mas é fácil de perceber que mia quando tem fome, mia quando quer festas, mia quando quer atenção, mia quando não quer estar sozinho…Basicamente, mia. O que não tem sido fácil é a relação dele com a Cão Miúda. Ladra quando o gato aparece, morde-o quando este entra dentro de casa, rosna quando lhe fazemos festas, enfurece-se quando alimentamos o bichano. Estão a ver o filme, certo? É a ciumeira pegada. E neste campo não posso dizer que a culpa é apenas da Cão Miúda. O gatinho está sempre pronto a enterrar as suas garras nas orelhas da nossa cadela. Sempre em modo traiçoeiro, à espera da melhor oportunidade.

Mas sabem o que é mais giro? Chegar a casa e ter dois “cães de guarda” à minha espera. Um em cima do portão, outro à entrada da porta principal. Os dois sentados, ansiosos, e prontos a se entregarem no mimo mais fofo de sempre. São de uma entrega difícil de encontrar em muitos humanos. Mesmo que essa entrega vire rapidamente cat/dog fight passados poucos minutos da minha chegada. 

No outro dia, depois de mais um dia de trabalho longo e árduo, abeirava-me de casa e gostava de ter tido uma máquina ao pé de mim para captar aquele momento. O marido a executar um dos trabalhos que eu mais odeio, arrancar ervas daninhas. O gato deitado ao sol, quase ao lado dele a fazer-lhe companhia. A Cão Miúda em modo alerta a assegurar que o gato não passava das marcas. 

Foi tão tranquilizante ver aquele cenário, perceber que por mais que os dias possam correr desvairados, há todo um outro lado, uma outra camada da vida que faz tanto sentido. Como se de alguma forma, a vida se fosse encaixando, concedendo respostas paliativas para certos vazios. 

Talvez uma vida de sonho seja isto mesmo. Ter um marido que se deixa conquistar por gatos, um gato que guarda o portão e uma cadela que guarda um gato. O resto… é ir adoçando com a beleza natural da vida. 

P.s - Reparem como o bichano se bate às fotos, não é lindo?
P.s2 - Não digam à Cão Miúda que o protagonista deste artigo é o Gato. 
 

Crumble de Marmelo
(Obrigada a todos os que me sugeriram pensar num Crumble de Marmelo, para aproveitar a  abundância deste fruto)

Tempo de preparação: 50 min. aprox.
Dificuldade: Fácil
Quantidades: 10 porções

Ingredientes:

  • 400g de marmelos crus
  • 250g de marmelos aos pedaços cozido
  • 7 colheres de sopa de açúcar
  • 2 colheres de sopa de mel
  • 250g de farinha sem fermento
  • 150g de manteiga

Modo de Preparação:

  • Pré-aquecemos o forno a 180ºC.
  • Descascamos o marmelo cru e partimos aos pedaços.
  • Numa taça própria para ir ao forno misturamos os marmelos cozidos e os marmelos crus.
  • Adicionamos o açúcar e mexemos. Por cima vertemos as duas colheres de mel. Reservamos.
  • Numa tigela colocamos a farinha e a manteiga.
  • Com as pontas dos dedos misturamos, até obtermos uma mistura granulada, tipo areia.
  • Cobrimos os marmelos com esta mistura.
  • Levamos ao forno cerca de 25 a 30 minutos. Ou até a massa do crumble ficar dourada. 

 


Sem comentários