Bolo de Chocolate e Beterraba

Depois de um Verão tão repleto de coisas boas, de surpresas agradáveis, é estranho olhar para a terra quase nua. No último fim-de-semana, colhemos as últimas courgettes, os últimos tomates. Arrancámos as nossas primeiras batatas doces. Pequenas, delgadas mas com um sabor incrível (eu já as experimentei). Debulhámos as cabeças de girassóis que ainda não tinham sido devoradas pelos pássaros famintos. E colocámos as nossas mais de trinta abóboras a apanhar sol. Pequenos gestos que não conseguimos levar a cabo antes do Verão terminar, mas que dão todo um novo sentido a este início do Outono.

Os últimos meses, a nível agrícola, exigiram muito de toda a família. Principalmente, quando somos todos novatos nestas andanças. Sair do trabalho, após mais de oito horas, e ainda ir para o terreno mondar, regar, cuidar, ler artigos para perceber o que estamos a fazer bem e o que pode e deve ser melhorado. Não foi pera doce. 

Sei que com o confinamento, a tendência Countryside foi uma das que mais cresceu (tem vindo a crescer há já alguns anos). Alimentada pela ideia do campo enquanto refúgio, enquanto local protector, pacífico, tranquilo, que ajuda a manter a sanidade mental. Sem dúvida que é uma ideia correcta. Mas é preciso também referir que cada refúgio tem de ser construído, trabalhado, acarinhado. Só pode existir depois de árduo trabalho. 

Ao longo destes quatro meses de revitalização de parte do terreno dos meus pais, foram mais as horas que andei a pegar numa enxada, vestida com roupa velha, a arrancar ervas daninhas, do que propriamente a tirar fotos românticas de cenários idílicos. Confesso,  que espero que um dia isso aconteça. Quando a horta estiver mais estabelecida, com os caminhos já delimitados, as estufas implantadas, as regas automatizadas. Quando a natureza se tiver instalado de forma equilibrada e o que era um matagal se transforme num refúgio fértil. 

Enquanto isso não acontece, vou trabalhando, aprendendo com os pais, recuperando a sabedoria dos antigos. Vamos implementando o projecto por tentativa-erro-aprendizagem. E pelo caminho vamos colhendo do nosso esforço, do nosso imaginário, dos nossos sonhos. "O trabalho é amargo, mas os seus frutos doces e aprazíveis". Encontrei esta frase há algum tempo e acho que traduz muito bem o que tenho sentido. 

A receita que partilho convosco é mais um exemplo disso. Cultivámos bastantes beterrabas. Um ingrediente que eu detestava, mas que descobri como permite tantas aventuras saborosas na área dos doces. Espero que gostem tanto desta receita como cá em casa. 


Bolo de Chocolate e Beterraba
(Receita inspirada na Revista Olive)


Tempo de preparação: 70 min. aprox.
Dificuldade: Fácil
Quantidades: 10 fatias

Ingredientes:

  • 175g de manteiga
  • 200g de chocolate negro
  • 250g de beterraba cozida
  • 3 ovos
  • 50g de chocolate em pó
  • 150g de açúcar refinado
  • 175g de farinha com fermento 

Modo de Preparação:

  • Pré-aquecemos o forno a 180ºC e untamos uma forma redonda.
  • Numa taça própria para banho-maria, colocamos a manteiga e o chocolate. Colocamos a taça por cima de um tacho com água, sem que a taça toque na água. Deixamos derreter estes dois ingredientes até obtermos uma mistura suave. Retiramos do lume e deixamos arrefecer.
  • Num robot de cozinha trituramos a beterraba até obtermos um puré homogéneo.
  • Numa taça batemos os ovos e o açúcar, ligeiramente. Adicionamos o chocolate em pó e a farinha. Voltamos a bater ligeiramente. Juntamos a beterraba e a mistura de manteiga e chocolate.
  • Vertemos na forma e levamos ao forno durante cerca de 40 minutos. Deixamos arrefecer cerca de 20 minutos antes de desenformarmos. 


 

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