Bolinhas de Couve-flor, Batata, Atum e Cheddar

Desde há muito, mesmo sem me aperceber, o meu ser vive ao sabor das estações. Talvez por causa da minha vivência no campo, onde as estações têm outro peso. Influenciam as culturas agrícolas, passando pelas sestas, pela comida que se coloca em cima da mesa e até pela maneira como os estendais com a roupa a secar são colocados. Quando era mais pequena não dava conta desta tão importante relação. Não ligava. A vida era como era. Se eu afogava ainda mais o papo-seco matinal nas malgas de café de cevada que a minha avó me preparava nas manhãs de inverno era porque me apetecia. Não fazia a correspondência com os graus negativos que se faziam sentir na rua. Se na Primavera depois da escola me aguardavam árduas tarefas a lançar semente à terra, é porque tinha de ser. Mais uma vez não pensava que era na Primavera que começa todo um novo ciclo de sementeiras. 


Podia dar mais exemplos, muitos mais de como sempre vivi em função das estações, de como não me apercebia disso e de como a cidade desequilibrou a minha saúde física e mental pela falta das estações. Mas acho que isso vai ter de ficar para outro post, porque hoje quero falar em exclusivo do Verão. Também essa altura do ano nos influenciava a todos. A parreira principal, que formava um túnel de passagem, virava também um excelente estendal voltado à nascente solar. A minha avó estendia bem cedo a roupa que lavava no tanque e, ela já sabia que passado algumas horas a roupa estaria seca, sem virar bacalhau seco. As rotinas começavam bem cedo. No campo, a terra era trabalhada apenas nas primeiras horas de luz, e a tarde virava religiosamente momento de descanso. 

Com as temperaturas altas, as refeições abandonavam o interior da casa aconchegante e instalavam-se por debaixo da parreira de uvas tardias. Muito antes de saber, ou de virar moda em revista de lifestyle, já a minha família me brindava com jantares alfresco. É curioso como certas coisas virão modas modernas, quando sempre estiveram lá e fazem parte das heranças imateriais de cada família. Sempre me encantaram as refeições no exterior. Respirava-se uma ligeireza inspiradora e descontraída. Lembro-me das saladas coloridas a abundarem em cima da mesa, acompanhando grelhados na brasa suculentos. Tudo regado com vinho daquelas mesmas parreiras que nos envolviam. Atenção, no meu caso era mesmo regado a água ou com refrescantes refrescos de café e limão. 

O Verão unia-nos mais. As preocupações, mesmo existindo, dissipavam-se na frescura dos petiscos que cada um preparava para em modo alfresco passarmos um bom bocado. Saboreávamos assim o Verão. Mesmo sem nos apercebermos que eram as estações que comandavam os nossos sonhos. Ontem, voltámos a ocupar a mesa de cimento debaixo da parreira de uvas tardias. Voltámos a ter saladas coloridas, com alfaces da horta que criei com os meus pais e com tomates sumarentos da horta de um tio. Voltámos a viver o Verão.

Bolinhas de Couve-flor, Batata, Atum e Cheddar

Tempo de preparação: 15 minutos + 30 minutos de refrigeração
Dificuldade: Fácil
Quantidades: 20 bolinhas

Ingredientes:
400g de couve-flor
1 batata média
1 lata de atum
50g de queijo Cheddar
5 colheres de sopa de Pão ralado
4 colheres de sopa de Farinha
1 colher de café de Pimenta preta
1 colher de sobremesa de Alho em pó

 Modo de Preparação:

  • Cozer a couve-flor e a batata.
  • Num processador de comida, trituramos a couve-flor (bem escorrida) e a batata juntamente com uma colher de sobremesa de alho em pó e uma colher de café de pimenta preta.
  • Adicionamos o queijo e o atum.
  • Vertemos esta mistura para uma taça.
  • Juntamos quatro colheres de sopa de farinha e cinco colheres de sopa de pão ralado.
  • Amassamos bem. O objectivo é obtermos uma mistura moldável.
  • Caso sintam que a massa ainda está pouco firme, adicionem mais pão ralado.
  • Com as mãos enfarinhadas, fazemos bolinhas.
  • Colocamos numa travessa e levamos ao frigorífico durante cerca de meia de hora.
  • Numa frigideira, em óleo bem quente (tem de estar mesmo bem quente), fritamos as bolinhas até estas ficarem bem douradas de todos os lados.


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