Casa Agrícola da Levada - Um refúgio natural em Vila Real (Pet Friendly)


Vila Real foi uma cidade muito importante durante a minha adolescência. tinha começado a jogar vólei, por volta dos 11 anos, a nível federado numa equipa da minha aldeia. O que tínhamos em entusiasmo faltava-nos em experiência. Jogávamos maioritariamente contra equipas de Lamego e Vila Real. E por isso, durante anos, saíamos de Viseu vezes sem conta em direcção a norte, com a alegria de quem ingressava numa road trip com as melhores amigas. Numa carrinha verde, velha, estreita e alta. Lembro-me que quando pedíamos indicações, já na zona de Régua e Vila Real, muitas vezes, as pessoas diziam: “Não vão por aquela ponte, com essa carrinha ainda levantam voo”. Vila Real vai estar sempre associado ao primeiro jogo que a equipa ganhou, após muitas e muitas derrotas. Julgo que já não voltava a esta cidade desde esses tempos de jogatina tão salutar.

Quando no início do ano, rumei a Chaves, Vila Real ficou alojado no canto do olho. Descobri naquele momento umas saudades imensas quer do sítio, quer das vivências que ali experimentei. Soube que tinha de voltar. Não só para matar saudades, mas também para viajar nas voltas que a cidade deu nestes anos todos que passaram desde a minha adolescência.
Há muito que os algoritmos me sugeriam uma estadia na Casa Agrícola da Levada. E só vos digo, é assustador como os algoritmos me conhecem bem. Situada na entrada da cidade de Vila Real, é nas raízes rurais que assenta toda a sua essência. Rodeada de diversos acessos, de estradas nacionais, de auto-estradas, a Casa Agrícola da Levada é um sítio mágico banhado pela tranquilidade e pelo verde do Rio Corgo.

Assim que deixamos o asfalto e ingressamos no caminho de terra batida rumo ao coração da propriedade, parece que entramos numa realidade paralela. Os cedros e os pinheiros adensam a paisagem. Para trás ficam os prédios, a circulação incessante, o rebuliço. Chegamos à Casa Principal, uma construção que remonta a 1922 e que tão bem retrata um período da nossa história com o seu granito imponente, a fusão entre paredes caiadas de branco e a pedra, assim como o emblema da Casa expressado nos elementos decorativos. Nota-se claramente a preocupação que houve em fundir o edifício com a paisagem circundante.  


Quem me conhece sabe o quanto adoro alojamentos rurais, e este vai ficar marcado no meu coração como o alojamento com a recepção mais bonita que alguma vez vi. Fiquei na dúvida, se era um edifício ou uma espécie de instalação artística da mãe natureza. Ali estava eu perante um edifício totalmente coberto com uma hera outonal a exibir tons laranjas e avermelhados super exuberantes. Senti-me como que teletransportada para um conto de encantar. Ainda mais quando, na recepção nos receberam com toda a simpatia e nos ofereceram uns mapas da região ilustrados, criados pela Casa Agrícola da Levada. Uns documentos lindos, que só conferiram ainda mais o estatuto de narrativa mágica.

Em tempos, esta propriedade funcionava quase como uma aldeia. Tinha a casa principal dos donos das terras e depois afastado da entrada um conjunto de pequenas casas de granito onde viviam os trabalhadores da quinta. Entretanto, essas casas foram transformadas também em alojamento turístico.  Foi numa dessas casas, que antigamente albergava o alambique da quinta que pernoitámos. Quando digo ficámos, quero dizer eu, o marido e a Cãomiúda. É verdade, a Casa Agrícola da Levada é um alojamento turístico Pet Friendly, em que verdadeiramente têm atenção para com os hospedes de quatro patas, escolhendo dentro da propriedade as casas que mais se adequam a eles.

No nosso caso, tivemos direito à Casa do Alambique, com pátio privado, onde a Cãomiúda pode descansar, cheirar e ladrar sem incomodar muito (ok, ela é um bocado mal disposta, por isso deve ter incomodado bastante os restantes turistas, sorry). Mas ao contrário da primeira viagem que fizemos com a Cãomiúda, que envolveu vómitos e urgências numa clínica veterinária durante a noite (podem ler aqui), a nossa cadelinha adorou este passeio. Principalmente pelos encontros nocturnos que teve com os sapos e com as salamandras. Ficou muito intrigada com as dezenas destes animais que se passeiam livremente e de forma protegida nos maravilhosos jardins desta propriedade. De facto, este é um projecto turístico que procura ser sustentável. Para além de protegerem a fauna e a flora, esforçam-se para produzir energia verde e incentivam os hóspedes a reciclar o lixo, e a encaminhar os resíduos alimentares para compostagem ou para servir de alimento aos animais da quinta.


Composta por um quarto/sala, uma kitchenet bem equipada e uma casa de banho simples mas prática, a Casa do Alambique foi perfeita para um fim-de-semana prolongado bem chuvoso. Passámos a maior parte do tempo dentro de casa, com a salamandra ligada, jogos de tabuleiro, muitos Covilhetes e Pitos de Santa Luzia, e muita preguiça. Claro que passeámos muito pelos caminhos da propriedade. Uma actividade imposta pela pequenita canina, que adorou cheirar cada milímetro.

Nas casas independentes da quinta não é servido pequeno-almoço, mas todos os dias é entregue um cesto com pão fresco maravilhoso. Além disso, na loja da quinta a Honesty Shop é possível comprar produtos dignos de uma bela refeição. Muitos dos produtos são cultivados ou recolhidos nas hortas da Casa Agrícola da Levada.



Há muito que precisávamos de um fim-de-semana assim, de puro conforto. Se procuram um refúgio, inspirem-se nas fotos e rumem até Vila Real. Cá em casa já decidimos que queremos voltar, na altura do Verão para experimentar a piscina e para finalmente conseguirmos passear no Parque Natural do Alvão.

Como chegar à Casa da Agrícola da Levada:A Casa Agrícola da Levada situa-se a 2,5quilómetros do centro de Vila Real, na direcção do Palácio de Mateus, em plena região de Trás-os-Montes. Nem todos os GPS conseguem indicar este alojamento, por isso, o melhor é seguirem as indicações cedidas pela própria Casa. Podem-nas encontrar aqui.

O que ver: Casa de Mateus, Parque da Cidade de Vila Real, Sé Catedral, Jardim Botânico da Universidade de Trás-os Montes (lindo nesta altura de Outono), Parque Florestal (eu e a Cãomiúda gostámos muito deste sítio).

O que fazer: Percorrer os percursos pedestres do Parque Natural do Alvão, passear nos caminhos do Jardim Botânico da Universidade de Trás-os Montes.

O que degustar: Covilhetes, Pitos de Santa Lúzia e Húngaros na Pastelaria Nova Pompeia (os melhores húngaros que alguma vez comi); Cristas de Galo na Pastelaria Lapão; Chá e Café na Feitoria da Bila (um mundo encantado para quem, como eu, é amante de chã). Não indico nenhum restaurante, como habitualmente faço, uma vez que estávamos com a Cãomiúda e não encontrámos nenhum restaurante pet friendly.






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