Aldeamento do Camarido | Caminha


Os últimos dias de quase Verão, têm aumentado as saudades que já sentia da praia, do mar, da brisa marítima. Enquanto a cabeça se enfia nos livros e impressões que dizem respeito ao mestrado, o meu corpo está longe, deitado numa toalha esticada à beira mar. Os níveis de concentração estão bem baixinhos, tão baixinhos que mais valia pegar na mala e fazer-me ao caminho, ver mundo. Mas enquanto isso não é possível, aproveito para recordar o que a vida já me deu.

Sou indiscutivelmente uma rapariga do campo, que só é feliz e completa se tiver a aoportunidade de recaregar baterias no salgado marítimo. Nos últimos dois, nas férias de Verão, descobri um sítio onde consigo ter as duas coisas: mar e campo de mãos dadas, sem escolhas difíceis. Refiro-me às praias do Norte, principalmente na zona de Caminha, Moledo e Vila Praia de Âncora. Praias calmas, de areia fina, mar azul cristalino, que abraçam as serras verdejantes, frondosas e repletas de percursos pedestres. Foi fácil apaixonar-me por esta zona. E não fui a única. Cá em casa estamos todos em modo love com esta região.
A maior parte das vezes que falo do Norte, a conversa esbarra na questão da água fria das praias. Para mim é um não assunto, se tivermos em conta a beleza natural, em alguns sítios quase virgem, destes sítios. Mas a temperatura do parlapié em relação ao Norte está à aumentar, ou nos últimos anos Caminha e Moledo não tivessem entrado para os rankings das praias mais apetecíveis de Portugal. Algo que invariavelmente está a fazer aumentar também o turismo nestas zonas, algo que se traduz em mais dificuldades em arranjar alojamento nas epócas altas (a única em que tenho férias).

Mas acredito que existem encontros que já estão destinados, e que para me apaixonar ainda mais pelo Norte, tinha de tropeçar no Aldeamento do Camarido. 


Localizado a dois quilómetros (mais coisa menos coisa que não medi com a fita) da praia de Moledo e a três quilometro da praia da Foz do Minho, o aldeamento vai buscar o nome à Mata Nacional onde se encontra situado e que só podia ter sido mandada plantar por um rei português. O tal que era “Lavrador” e que por causa dele também me apaixonei pelas praias de Vieira de Leiria e de Pedrogão.

Também a norte, D. Dinis teve a ideia visionária de mandar plantar uma mata que liga a Foz do Minho a Moledo. Talvez na altura os propósitos fossem outros, mas para mim, ele já estava a pensar no paraíso turístico quase de postal que a junção da mata com as praias daria.



Mas voltando ao aldeamento, impera o sossego, a quietude que se sente na frescura da vegetação, no aconchego das casas simples e acolhedoras. Este é talvez o maior luxo deste alojamento, o sossego que abranda o tempo e que oferece mais horas ao dia.   

A simplicidade também é uma constante, as casas geminadas, tipicamente familiares, servem o propósito de receber com toda a comodidade, mas sem grandes artificialismos. Os móveis são práticos, funcionais. Cada casinha, para além dos quartos indicados pela tipologia, tem uma kitchenette e sala devidamente equipadas e wc grande e moderno. 

Da piscina azul, super agradável, super discreta, podemos avistar a Mata do Camarido e a Serra da Arga.  Ao redor de cada porta um jardim, que se estende para o verde que rodeia o aldeamento. E nota-se a preocupação dos proprietários em manter essa simbiose. Por exemplo,o campo de desporto funde-se também com a vegetação, e promove-se o uso de bicicletas em vez dos carros.

Até a primeira recepção é feita por uma simpática égua, a Joana, que de forma "desinteressada" gosta de cheirar os turistas, não vão eles andarem muito carregados com maças e cenouras. 

O Norte conquistou-me, com a sua simplicidade, o seu verde misturado com o azul, e com um sítio que vai para além de um simples alojamento turístico. 





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