Não há vizinhos em redor, não há carros a passar na estrada, não há civilização nesta minha meditação. Mas mesmo a mãe natureza consegue brindar-me sempre com distracções. A cãomiúda insiste que este meu momento de deleite tem de ser interrompido vezes sem conta. Também ela anda como os passarinhos. Impaciente, numa azafama entre colo, entre correrias e pedidos de atenção. Por mais que uma vez atreve-se a sentar em cima do teclado do computador. Por mais que uma vez sou obrigada a parar a descrição deste momento tão singelo. Olha-me com os seus olhinhos manipuladores. Há quem diga que são fofos. Chora devagarinho, a reclamar por atenção.
Ao meu redor em cima da mesa, acumulam-se disciplinas, acumulam-se trabalhos de um mestrado que parece infinito, acumulam-se significados que desconheço e que se revelam antónimos da minha vontade. Os movimentos feministas ecoam dentro da minha cabeça. Rio-me com a minha escolha. Rio-me ainda mais, como facto de ter pensado que estando na rua, ao ar livre, me seria mais fácil encontrar as palavras que necessito, ou os métodos que me fazem falta para encontrar os resultados. Antes de assentar vontades no exterior, organizei as folhas vezes sem conta, sublinhei com cores atractivas e (re)pesquisei autores. Mas depois, o exterior tem espectáculos a que é difícil resistir, tem espectáculos que me lembram piqueniques, pães de azeitona e um céu azul por cima dos meus sonhos.
A cãomiúda interrompe os meus pensamentos. Volta-se a sentar em cima da minha perfeita imperfeita organização estudantil. Acolho-a novamente no colo e mais uma vez me impossibilita de teclar, de pensar, de escrever, de me iludir. Deixo-me levar pela sua insistência. Paro tudo e, em conjunto, assistimos aos últimos minutos deste deleite campestre. Os pássaros voam estonteados, as abelhas trabalham carregadissimas, as árvores procuram desabrochar em vivacidade, as formigas andam em carreiros longuíssimos, a brisa intensifica a sua frescura. À medida que a luz diminui, os ritmos abrandam Eu sinto uma calma a invadir-me o espírito, uma serenidade, que ultrapassa o meu peso de consciência por não ter adiantado nada. Não há remorsos possíveis, quando a decisão é aproveitar o que de melhor a mãe a natureza tem para oferecer, quando a decisão passa por aproveitar as coisas simples da vida, as mais importantes.
Pão de Azeitonas e Chourição
Ingredientes:
275g de farinha
2 colheres de sobremesa de fermento
4 ovos
10cl de óleo
20cl de vinho branco
150gr de queijo de mistura português
100gr de chourição tipo espanhol picado
200gr de azeitonas verdes descaroçadas
oregãos q.b
pimenta preta q.b
20g de margarina
Pré-aquecemos o forno a 160ºC. Numa tigela misturamos a farinha e o fermento. Formamos uma cavidade no centro e deitamos os ovos batidos. Mexemos com cuidado para evitar a formação de grumos. Adicionamos o óleo e continuamos a mexer. Vamos introduzindo o queijo cortado em cubinhos, o chourição picado, o vinho branco, as azeitonas verdes. Temperamos com os oregãos e com a pimenta. Misturamos bem. Untamos uma forma anti-aderente de bolo inglês com capacidade de 1 litro e enchemos com a massa. Levamos a cozer ao forno durante cerca de 45 minutos. Verificamos a cozedura com a ponta de faca. Esta deve sair seca. Deixamos arrefecer antes de desenformarmos.
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