Há dois anos (mais coisa menos coisa) as minhas raízes estavam firmemente enterradas na terra rústica e verdejante que dá corpo ao que eu designo de meu campo. Há dois anos, quando finalmente a minha alma serenava com a certeza de que o coração habitava o campo por prazer, por vontade e não por hábito, ventos de mudança, sopraram na minha direcção. Os prós e os contras percorreram todos os ramos do meu ser e conduziram-me a uma profunda reflexão (na verdade foi uma reflexão a dois, como se quer numa mudança desta dimensão). Lembro-me das dúvidas, porque eu sou assim uma mulher sempre com inquietações, perguntas, questões e se’s atrás de se’s. A minha (mesmo minha) primeira casa iria ser no centro de um compacto bloco de cimento urbano? A construção da minha própria família iria começar mesmo no centro do perturbante ruído citadino? Por outro lado, estando no centro da cidade e trabalhando no centro da cidade não seria mais fácil poupar nos gastos? Não seria mais fácil a própria movimentação no dia-a-dia? Não seria mais prático fazer vida a dois neste ambiente? Obviamente, que vários factores, alguns mais racionais que outros foram tidos em conta nesta equação. Claro que foi com muito entusiasmo e a alma a brilhar de adrenalina e espectativa que enveredei numa viagem a dois até ao centro da cidade. Não sou rapariga de uma só realidade, de uma só experiência. Foi extremamente emotivo descobrir os pormenores da nova vida. Se senti saudades do campo? Pois claro que senti, que sinto todos os dias. Sinto saudades de acordar de manhã e de avistar as serras em vez de dar com os olhos no prédio da frente. Sinto saudades das lambedelas dos meus canídeos durante a semana, principalmente quando passeio no parque ao final do dia. Sinto falta dos cheiros a verde e a pinheiro aquecido pelo sol. Sinto falta dos sorrisos matinais do resto da família. Sinto falta do tamanho gigante do meu quarto.
Mas também é engraçado perceber que a vista do prédio da frente não é assim tão má. Uma das varandas tem flores bonitas que são tratadas cuidadosamente por quem as ama. No pátio que avisto da minha janela, um banquinho acolhe o amor de um casal bem idoso que aproveita os bons tempos (meteorológicos e de saúde). Nesse mesmo pátio, as asneiras sobem de tom quando o jogo de futebol da pequenada não corre como esperado. No parque quando passeio à noite dou elogios lamechas a todos os cães que vejo e aos mais dados afago lhes o focinho. E ao final do dia recebo o sorriso mais apaixonado, mais mimoso e mais meu. Todas as saudades são amenizadas. Sinto que as minhas raízes se estenderam. Agora sou daqui e sou de lá. Sou da cidade e do campo. Sou uma alma cheia de histórias, pormenores, realidades e boas pessoas que continuarão a alimentar a árvore andante que eu sou.
Ingredientes
150gr de manteiga à temperatura ambiente
6 ovos
1 iogurte grego natural (sem açúcar)
400gr de farinha sem fermento
2 colheres de chá de fermento em pó
250gr de mirtilos frescos
Misturamos a manteiga e o açúcar numa batedeira fixa e batemos até obtermos um creme leve e fofo. Juntamos os ovos um a um, misturamos bem e raspamos os ingredientes dos lados da tigela com uma espátula de borracha depois de juntar cada ovo. Adicionamos a farinha e o fermento e misturamos bem até ficarem bem incorporados na restante mistura. Juntamos o iogurte grego e os mirtilos. A mistura deve ficar leve e fofa. Deitamos a mistura na forma previamente untada e alisamos com uma espátula. Colocamos no forno previamente aquecido a 170ºC e deixamos cozer durante 30 minutos ou até a massa ficar dourada e fofa ao toque. Quando o bolo estiver frio cubrimos o topo com uma cobertura à escolha. Neste caso, escolhi uma cobertura de ricota.
Ingredientes para a cobertura de ricota
250gr de ricota
50gr de manteiga sem sal, à temperatura ambiente
150gr de açúcar em pó
Batemos o açúcar em pó e a manteiga numa batedeira na velocidade média até que a mistura fique bem incorporada e bem ligada. Juntamos a ricota de uma só vez e batemos até ficar completamente incorporada. Aumentamos a velocidade da batedeira e batemos durante cerca de três minutos.
2 comentários
O texto inicial está muito bonito. Embora tenha crescido numa casa fora do centro numa cidade pequena e pouco movimentada, nunca vivi no campo, nem imagino como seja viver no campo, muito menos depois mudar para a cidade. Com estas palavras consegui perceber um pouquinho melhor :) Já o bolo parece uma delícia!
Beijinhos!
Obrigada Inês pelo feedback. Um beijinho grande.
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