Bôla de Cogumelos e Vegetais

Há umas semanas, deparei-me com um artigo americano sobre partilha de receitas em blogues de culinária e gastronomia e sobre os textos que acompanham essas mesmas receitas.

Quem segue este género de blogues tem conhecimento que, desde o início, se assistiu a uma tendência de acompanhar a partilha de receitas com textos introdutórios mais pessoais, fofinhos, com histórias e vivências pessoais. Uma tendência que, com a velocidade da internet, com as novas redes sociais e ferramentas online de partilha de conteúdo, começa a cair em desuso e pelos vistos a ser uma tendência muito mal vista pelos internautas. Muitos defendem que o que procuram é uma receita, não levar com a bagagem pessoal e emocional de alguém.

Seja por causa das críticas, seja por causa das mudanças da internet, a verdade é que neste momento grande parte dos blogues de culinária servem exclusivamente para a partilha de receitas, dicas, tutoriais, perdendo-se aquele lado mais particular e único que cada pessoa costumava dar.

Eu sempre fui uma amante de blogues. Quando em 2006 terminava o curso de jornalismo, eram os blogues que estavam no auge. Toda a gente queria ler, acompanhar estas ferramentas de comunicação. Os textos geralmente eram longos. As pessoas perdiam efetivamente tempo a redigir textos que lhe saiam da alma. Não eram teses de mestrado, mas eram com certeza textos menos efémeros que os que partilhamos em meia dúzia de caracteres no Instagram ou Twitter.

Conheci muitas pessoas através dos cheiros, das cores, das texturas, das piadas, das emoções, da escolha de palavras que faziam e partilhavam nos seus blogues.

As fotos na maior parte das vezes eram péssimas, mas muito genuínas. Não havia filtros, apenas um vislumbre mais autêntico do que todos vivíamos, do que comíamos, do que experimentávamos.

Lembro-me que quando fiquei desempregada em 2012, foram os blogues que me acompanharam durante as horas mais desanimadas, que me ajudaram a perceber que havia mais mundo para além das minhas circunstâncias.

Há uns tempos, ainda antes de ler este artigo, acusaram-me de ser muito lamechas nos textos que partilho. Disseram: “Tanta lamechice que nada tem a ver com a receita. É desnecessário.” Na altura nem liguei. Mas assim que percebi que isto tem sido matéria de debate controverso do outro lado do oceano, permiti-me a pensar sobre o assunto.

Pelo que escrevi atrás, já devem ter percebido que gosto de ler blogues. Apesar das milhentas redes sociais que hoje existem, dos podcasts (que também aprecio), é nos blogues que me inspiro, que conheço o mundo. Gosto da partilha genuína, demorada, convidativa, sincera que (geralmente) os bloguers produzem. Portanto, onde muitos veem desperdício de caracteres e tempo, eu vejo generosidade. Acho que uma receita ganha muito mais quando acompanhada de memórias, de um toque pessoal, de um tema, de uma reflexão, de uma inspiração que a possa distinguir de tantas outras. Mas isto sou eu. E a verdade é que não há opiniões certas ou erradas, apenas diferentes maneiras de olhar para os assuntos.

Por aqui vou continuar a partilhar aquilo que para mim faz sentido, porque apesar de gostar de todos os que me acompanham neste cantinho e gostar de ouvir a vossa honesta opinião, se nada disto fizer sentido para mim (que “perco” horas a preparar conteúdos) então mais vale fechar a loja e seguir caminho. Quem quiser continuar a ler os meus textos sem sentido, e a fazer-me companhia em dois dedos de conversa, será sempre bem-vindo.


Bôla de Cogumelos e Vegetais

Tempo de preparação: 120 min. aprox.
Dificuldade: Média
Quantidades: para 10 pessoas

Ingredientes para a massa:
  • 500g de farinha de trigo sem fermento (+ alguma para polvilhar a superfície de trabalho)
  • 250ml de água morna
  • 7g de fermento de padeiro seco
  • 100g de margarina
  • 5 colheres de sopa de azeite
  • 1 colher de chá de sal
  • 1 ovo
  • Sementes de sésamo a gosto
  • Queijo cheddar a gosto

Ingredientes para o recheio:
  • Azeite
  • 1 cebola doce média
  • 200g de cogumelos marron frescos laminados
  • 100g de milho doce
  • 2 alhos franceses grandes
  • 1 cenoura média ralada finamente
  • 100g de tomates cherry partido em cubos pequenos
  • 1 colher de café de alho em pó
  • 1 colher de café de pimenta da Jamaica
  • 1 colher de café de pimenta preta

Modo de preparação:
  • Começamos pelo recheio. Num tacho deitamos um fio de azeite, 1 colher de alho em pó e a cebola picada.
  • Deixamos refogar um pouco, até a cebola amolecer.
  • Adicionamos os alhos franceses, apenas a parte branca.
  • Juntamos a cenoura e o tomate.
  • Por último acrescentamos as pimentas.
  • Cozinhamos durante 10 minutos. Reservamos.
  • Para a massa. Deitamos a farinha numa taça bem grande.
  • Num lado da farinha juntamos o sal e, no lado oposto, juntamos o fermento.
  • Vertemos a água morna e misturamos bem com uma colher de pau.
  • Adicionamos a pouco e pouco a margarina, previamente amolecida, e o azeite.
  • Envolvemos com as mãos de forma vigorosa até que a masse comece a desprender do alguidar e das mãos.
  • Enrolamos a taça num pano húmido e deixamos levedar, em local quente, durante uma hora ou até ter dobrado de volum.
  • Dividimos a massa em duas metades.
  • Com a ajuda de um rolo, esticamos uma das metades da massa e colocamos num tabuleiro, forrado com papel vegetal.
  • Colocamos o recheio de cogumelos e legumes por cima.
  • Cobrimos com a restante massa, também ela deviamente esticada.
  • Unimos a massa pelo rebordo.
  • Pincelamos com um ovo batido. 
  • Polvilhamos com sementes de sésamo e queijo cheddar a gosto.
  • Levamos ao forno, pré-aquecido a 200ºC, durante cerca de 30 minutos.


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