Pão de Ló Tradicional (para mim o verdadeiro)

Tenho saudades da Páscoa de outros tempos. Em que a família celebrava esta quadra durante quase uma semana. As festividades começavam no Domingo de Ramos e só terminavam na Segunda-feira de Pascoela. Todas as desculpas eram boas, para correr as casas dos familiares em compasso com a cruz, com o padre, com a vontade de abraços e mais uma fatia de pão de ló na alma. Oiço as pessoas dizer que é nas festividades do Natal que engordam. É porque nunca passaram a Páscoa com a minha família. A altura do ano em que se juntam mais de 40 pessoas à mesa durante horas. E acreditem, não é pela comida que nos juntamos, é mesmo pela confraternização, pelos jogos de tabuleiro, pelas jogatinas de sueca ou da malha, pelas caminhadas entre refeições, pelas anedotas secas, pelos risos, pelo embaraço que os adultos gostam de provocar aos mais novos, pelas histórias que se recuperam, pela vida que se acrescenta.Mas claro tudo isso acompanhado de bons petiscos, boas receitas, muito amor em forma de comida.


Tenho saudades da Páscoa de outros tempos. Tempos que a pandemia roubou e que tão cedo sabemos não nos vão ser restituídos. Se no ano passado, como a situação era tão nova, nem estive muito preocupada com a Páscoa, este ano acuso uma saudade enorme desta epóca, acuso já algum cansaço emocional provocado pela ausência familiar. Sinto urgência no abraço, sinto urgência em sentar na mesma mesa mais de 40 pessoas, sinto urgência de aturar a afilhada e todos os devaneios típicos dos adolescentes da família, sinto urgência em viver. Apesar deste cansaço, deste esticar da corda mental, sei que os tempos pedem contenção e acima de tudo pedem consciência de proteção nossa e dos outros. Portanto, as urgências que sinto têm de esperar a chegada de outros tempos para serem respondidas.


 

Mas este ano, ao contrário do ano passado, que nada preparei em termos gastronómicos, vou encher as casas com pão de ló. Mas aquele pão de ló tradicional. Nos últimos anos, tenho adquirido esta iguaria nos supermercados ou até no comércio local, mas tem sido um desconsolo, porque todos me sabem a amendoim. Cá em casa dizem que sou tola, mas juro que é a isso que me sabem todos os pãos de ló de compra. Alguém a sentir a mesma coisa? Alguém me sabe explicar porquê? Para mim, o Pão de Ló tem de apresentar aquela cor amarelinha e saber a ovo. Nada mais simples, certo? No ano passado, já depois da Páscoa, experimentei a receita de Pão de Ló da Avó da Inês Mendes, do blogue Ananás e Hortelã, e todo o meu ser se iluminou. Encontrei aquele sabor de Páscoa que me teletransportou para a infância. O sabor dos lanches em casa dos familiares mais velhos, que passavam dias e dias a cozer folares e pãos de ló em forno de lenha. Encontrei nesta receita saudade e amor. Experimentem. Não se deixem enganar pelas minhas fracas fotos e por um aspecto mais queimado, culpa do meu forno que anda péssimo. Experimentem e digam-me se esta não é a receita pascal da nossa infância.


 Pão de Ló Tradicional

(Receita da Inês Mendes do Blogue Ananás e Hortelã, com ligeiras alterações)

Tempo de preparação: 60 min. aprox.
Dificuldade: Fácil
Quantidades: 12 fatias

 Ingredientes:

  • 6 ovos (de preferência caseiros para ficarem mesmo com aquela cor amarela)
  • Três quartos do peso dos ovos em açúcar branco
  • Metade do peso dos ovos em farinha de trigo sem fermento
  • 1 colher de chá de fermento bem cheia
  • Raspa de 1 limão pequeno

Modo de preparação:

  • Pré-aquecemos o forno a 180ºC.
  • Untamos com manteiga e farinha uma forma de chaminé (ou sem chaminé caso não tenham. Foi o que me aconteceu).
  • Colocamos os ovos, o açúcar e a raspa de limão na taça da batedeira eléctrica.
  • Batemos durante cerca de cinco minutos até a mistura ficar bem volumosa (duplicar de tamanho) e fofa. Peneiramos a farinha e o fermento à mistura dos ovos.
  • Envolvemos suavemente sem bater a massa.
  • Colocamos a massa na forma e levamos ao forno durante cerca de 40 minutos.

 


 

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