Chaves: o destino perfeito para uma escapadinha romântica



Há um ano, os planos para celebrar o Dia dos Namorados eram bem mais interessantes do que os deste ano, que basicamente se vão limitar a ajudar o maridinho a recuperar de uma cirurgia. No ano passado, organizámos uma escapadinha a dois até Chaves. Sem grandes planos ou expectativas, rumámos até ao norte transmontano dando espaço a esta pequena cidade para nos surpreender.

Há muito que queríamos conhecer esta zona, mas a distância fazia-nos pensar sempre duas vezes. Erradamente, pois Chaves encanta à primeira vista com as suas paisagens verdejantes banhadas pelo Rio Tâmega. Rapidamente descobrimos que este é o cenário perfeito para namorar, enquanto percorremos a cidade a pé e descobrimos o porque desta zona ter sido tão cobiçada ao longo da história.





A escassos quilómetros de Espanha, Chaves é bastante conhecida pelas suas águas termais. De facto, estas águas curativas que brotam junto à margem direita do Rio Tâmega, atraíram os romanos, que fundaram nesta zona a Aquae Flaviae. Daí os habitantes de Chaves se chamarem flavienses. Mas não foram só os romanos que se deixaram encantar por esta cidade, pelas suas águas milenares e a sua posição estratégica. Visigodos, mouros, espanhóis e franceses foram alguns dos povos que passaram por Chaves e que deixaram a sua marca histórica. Algo que podemos testemunhar nos inúmeros pontos de interesse arquitetónico que se espalham por toda o centro histórico. 


Pontos de Interesse a não perder:
  • A Ponto Romana de Chaves ou Ponte do Trajano é talvez o monumento mais conhecido da cidade. A ponte foi mandada construir pelo imperador romano Trajano (daí o nome) para facilitar a travessia na ligação das vias romanas. Percebe-se o porque de ser um dos pontos de interesse mais falados de Chaves. Tendo em conta que se trata de uma ponte milenar, a sua extensão e largura impressionam, além disso, é a moldura perfeita que embeleza ainda mais as margens do Tâmega.

  • O Castelo de Chaves é ponto de paragem obrigatório e um exemplo claro da confluência de culturas e de povos nesta região. Dizem que será de origem Visigoda, terá sido reforçado e modificado pelos Muçulmanos, para depois ser conquistado por D. Afonso Henriques e ter uma Torre de Menagem contruída por D. Dinis. É esta Torre que sobressai. Vale a pena o esforço de subir os seus degraus até ao topo para ver a cidade lá de cima e espreitar o vale fértil que rodeia Chaves.
 


  • O Museu da Região Flaviense também merece uma visita. Encontra-se alojado no Paço dos Duques de Bragança e guarda alguns dos tesouros arqueológicos mais importantes da região. É fácil de encontrar basta subir até à Praça Camões, em pleno Centro Histórico. Enquanto se percorrem as ruas estreias, vale a pena fotografar o casario com as suas varandas pintadas de cores garridas, conhecer a tradicional Rua Direita e de visitar as igrejas imponentes, como a Igreja Matriz de Santa Maria Maior ou a Igreja da Misericórdia.

  • Além do património arquitetónico, há também marcos geográficos que merecem atenção. É em Chaves que inicia a mítica EN2, a maior estrada do país, que liga o norte, a partir de Chaves, ao sul, mais propriamente em Faro, num trajeto de mais de 700 quilómetros. Apelidada de Route 66 portuguesa este percurso dá a conhecer as cidades, aldeias, rios, territórios, monumentos, paisagens naturais que compõem o nosso país, entre curvas e contracurvas. O marco do quilometro 0 fica na rotunda de entrada no Bairro da Madalena, em Chaves. E claro merece uma fotografia.  Além disso, acho que vale a pensa sair da auto-estrada e percorrer um pouco desta estrada mítica. Talvez entre Chaves e Vila Real.


  •  Como este é um roteiro para namorar, recomendo um passeio pelo Jardim do Tabolado, nas margens do Tâmega. A zona ribeirinha, a zona de lazer de excelência de Chaves convida a caminhar, a relaxar, a assistir ao por do sol enquanto se saltam as poldras e se sente o pulsar da cidade. Foi uma das zonas que mais gostei de conhecer.

  • O que não podem mesmo perder e que me surpreendeu a 100% foi o Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso. Não sou entendida em arte, embora goste de apreciar, mas foi neste museu que sem querer encontrei o meu pintor preferido. Nadir Afonso foi um arquitecto flaviense, divido por múltiplas facetas: arquitectura, pintura, filosofia, viagens. Trabalhou com Le Corbusier, Óscar Niemeyer, tendo recolhido inspiração um pouco por todo mundo, dadas as inúmeras viagens que fez. Neste espaço museológico podemos conhecer o seu trabalho geométrico, vibrante e colorido. Fiquei de tal modo apaixonada pelos quadros de Veneza, que tenho a certeza que quando finalmente me passear por esta cidade italiana, é em Nadir Afonso que vou pensar.

 

O que degustar e onde:
  • Quando os planos não são muito rigorosos, há sempre espaço para boas descobertas. A Adega do Faustino, e os seus petiscos, foi uma delas. O edifício onde este restaurante está instalado é bastante pitoresco, ou não tivesse sido anteriormente uma garagem de camionagem, destinada ao transporte de mercadorias, principalmente de vinhos. Por isso, ainda hoje o espaço amplo é decorado com pipas e tuneis de outros tempos. No chão encontramos a típica calçada à Portuguesa e o balcão com mais de 60 anos é o ex-libris do espaço. Descobrir a Adega do Faustino é também viajar até aos tempos da venda a granel, de comércio tradicional e de preservação da memória das antigas adegas. Talvez a decoração e o espírito da Adega do Faustino fujam ao típico jantar do Dia dos Namorados, mas os petiscos deliciosos e as sobremesas de lamber o prato vão aquecer qualquer coração.

  • Ir a Chaves e não provar os seus famosos pasteis, deve ser considerado pecado gastronómico. É obrigatório provar esta iguaria. Procurei perceber qual o sítio indicado para experimentar pela primeira vez e toda a gente me indicou a Mariazinha ou a Pastelaria da Maria. Um espaço pequeno tradicional, perto da Torre de Menagem, com pasteis deliciosos, que, claro está, devem sempre ser comidos quentes.

Onde pernoitar:
  • Porque não dormir num antigo convento franciscano? Dormir no Forte de São Francisco Hotel Chaves é a minha sugestão para conhecer um pouco mais da história da cidade, mas também para tornar a escapadinha romântica ainda mais interessante. O Forte de São Francisco pertence a um conjunto de fortificações defensivas militares bem preservado, mas cuja origem remonta a um Convento Franciscano do século XVI. Foi remodelado para acolher um hotel de quatro estrelas que, a meu ver, conseguiu manter a história de outros tempos, mas com um carácter charmoso e moderno, que convida a noites descansadas no melhor dos confortos. Além disso, está a dois passos do centro histórico, o que permite estacionar o carro e deambular pela cidade a pé.


Perto de Chaves:
  • Não é só Chaves a beneficiar das águas curativas da região. Também a zona do Vidago, a cerca de 18 quilómetros de Chaves, é uma das estâncias termais mais importantes de Portugal. No século XIX, devido a ser a preferida da corte portuguesa, chegou a ser apelidada de “rainha ds termas”. O belíssimo Parque Natural do Vidago convida a demorados passeios pelas alamedas quase mágicas. Composto por cerca de 100 hectares, podemos encontrar diversas fontes minerais, esquilos, árvores centenárias que mudam de cor consoante as estações. Um verdadeiro espetáculo natural, que merece e deve ser apreciado a dois, com calma e em clima de romance. Nesta estância termal, podemos encontrar o magnifico Vidago Palace, um hotel marcado pelo charme e romantismo do estilo Belle Époque. Visitar ou ficar alojado neste hotel é claramente viajar no tempo, no melhor e mais luxuoso conforto.Portanto, se quiserem surpreeender a vossa cara metade, façam já aqui a reserva.



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