Empada Gigante de Frango e Milho

Slow Living. Um conceito que está na moda, que se multiplica em novos negócios, novas formas de estar e que atrai seguidores atrás de hashtags cools. Mas o que é realmente slow living? Nos últimos anos, também eu tenho sido uma adepta desta expressão. Algumas das minhas fotografias têm sido partilhadas com este hashtag e existem alturas que até na comida o apliquei. Mas o que é realmente slow living? Eu não sei o que seja, apesar de o apregoar em todos os meios digitais que possuo. Contraditório, não é?

Os últimos anos têm sido vividos em modo fast, numa ânsia desmedida, entre rotinas, prazos para cumprir, num cansado que começou a invadir não só o plano físico, mas principalmente o psicológico. Trabalho, horários irregulares, mestrado, tese para escrever, família, rotinas da casa, sonhos, hobbys. Cada vez mais dividi o meu tempo linear numa soma de tarefas que só multiplicaram a minha insatisfação e a a minha capacidade de funcionar como deve ser. 

Sabem aquelas alturas em que sentem que estão a falhar em todas as frentes? Em dezembro passado, foi isso que me aconteceu. As insónias voltaram, as dores de cabeça também e acima de tudo regressou uma sensação género António Variações: Só estou bem a onde não estou. No trabalho só conseguia pensar no que tinha deixado por fazer em casa ou o que não tinha adiantado no mestrado. Em casa, só conseguia pensar em todas as tarefas que tinha à minha espera no trabalho.

Não é a primeira vez que esta sensação se apodera de mim. Geralmente, o que faço é insistir e persistir. Desdobro-me ainda mais, como se ganhasse mãos extra. Durmo menos. Não páro para comer. Entro em modo repeat. O que convenhamos não é saudável. Por isso, nos últimos tempos comecei a sentir-me assoberbada. Tudo era uma complicação, um stress. Isso teve reflexos graves na minha saúde. Na realidade, algumas dessas consequências já se entranharam em mim de tal forma que nunca mais me vou livrar delas.

Por isso em Dezembro, tomei uma decisão que me custou muito e que ao início, apesar de me parecer a solução possível, não me deixou de todo descansada. Decidi pedir licença do trabalho. Percebi que tinha mesmo de abrandar, que estava a ficar muito frustrada por não me dedicar ao mestrado como gostaria e que pior do que isso estava a deixar a minha família para trás. Porque muitas vezes não tinha paciência. Quem me conhece sabe o quanto a família é importante para mim e que não merece sequer um dia de mau humor.

Claro que na minha cabeça as pergunats eram mais que muitas. Será que estou a falhar de forma tão estrutural que tenho de parar por uns tempos? Será que devia tentar aguentar mais tempo este ritmo? Será que não tinha capacidades para aguentar estes tempos modernos (toda a gente tem vidas organizadas na sobreposição de tarefas)? Será que vou conseguir efectivamente desacelarar?

Já repararam como a sociedade nos pressiona para sermos perfeitos trabalhadores. Acho que cada vez mais o ciclo da vida passou a ser: nascer, crescer, trabalhar, pagar contas e morrer.

Foi um processo pessoal demorado, perceber que não há mal nenhum em abrandar o ritmo, que nada disso significa que estou a falhar, e foi ainda mais importante reconhecer que foi um momento de coragem da minha parte. Coragem em pedir um tempo à entidade patronal, coragem por querer assumir as prioridades, coragem por me querer colocar mais um desafio. Sim porque isto vai ser um desafio.



Eu nunca me vi sem trabalhar e não sei como vou reagir, mas uma coisa tenho a certeza, Slow living não pode ser apenas um hashtag que usamos para parecer cool, para parecer que entendemos as modas.

Reduzir o stress da minha vida até pode ser algo difícil de concretizar. Vivemos na era de que ninguém pode parar, temos de estar sempre ativos, sempre em busca de uma nova tarefa para realizar, mesmo que seja algo insignificante. Mas nos próximos meses, apesar da tese de mestrado que tem mesmo de ganhar forma, quero muito aprender a saber desacelarar. E acima de tudo quero ensinar ao meu cérebro mal formatado que se quer ser mais saudável tem mesmo de se habituar a viver com tempo livre.


Empada Gigante de Frango e Milho

Tempo de preparação: 90 min aprox.
Dificuldade: Média
Quantidades: cerca de 12 fatias

Ingredientes para a massa:
200g de farinha trigo sem fermento
80g de manteiga fria com sal
1 ovo

Ingredientes para o recheio:
Azeite q.b.
500g de peito de frango cortado em modo strogonoff
200g de milho cozido
1 cebola pequena
1 colher de sobremesa de alho em pó
1 colher de sobremesa de manjericão
1 pitada de pimenta preta
100 ml de polpa de tomate
Azeitonas a gosto 
1 gema

Modo de Preparação:
Cortamos o frango em pequenos cubinhos. Num tacho juntamos o azeite, a cebola e o alho. Levamos ao lume e deixamos refogar atá a cebola ficar translúcida. Juntamos o frango, misturamos bem com a cebola e deixamos cozinhar durante cerca de cinco minutos. Adicionamos o milho, as azeitonas, o manjericão, a pimenta preta e voltamos a mexer bem. Juntamos a polpa de tomate e deixamos cozinhar durante cerca de 20 minutos. Reservamos.

De seguida preparamos a massa.  Num processador de cozinha colocamos a farinha e a manteiga partida em cubos. Misturamos até obtermos uma textura areada. Podemos fazer este processo manual, com as pontas dos dedos. O objectivo passa sempre por atingir a tal espécie de areia. Juntamos o ovo e amassamos tudo até ficar ligado. Com cuidado para não amassarmos demais. Embrulhamos em pelicula aderente e levamos ao frigorífico durante 15 minutos antes de usar.

Retiramos do frigorífico. Dividimos a massa em dois bocados iguais. Numa superfície enfarinhada, esticamos cada bocado da massa até ficar com uma espessura de 5mm, aproximadamente. Com um dos círculos da massa forramos a base da tarteira.  Pressionamos para que esta ganhe a forma da tarteira. Picamos o fundo com um garfo. Vertemos por cima o recheio de frango. Espalhamos bem sobre a tarteira, para obtermos a mesma altura. Colocamos por cima o outro círculo de massa. Unimos bem as bordas e fazemos um corte no topo da massa. Pode ser em X ou em cruz. Este corte vai permitir que o vapor da cozedura saia sem deformar a empada. Pincelamos com a gema de ovo previamente batida. Levamos ao forno, pré-aquecido a 160ºC, durante cerca de 25 minutos. 


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