A manhã acordou com um vento fresquinho a uivar nas minhas
janelas. Um uivo mensageiro de mudanças. Quando me espreguicei com muita
preguiça, dei conta que estava coberta não apenas com o lençol mas também com a
manta quentinha (que até há bem pouco tempo tem descansado aos pés da cama).
Não me lembro de a ter puxado para cima de mim durante a noite, mas com certeza
que o corpo comandou a mente na procura de agasalho. A cão miúda olhou para mim
com desdém quando a incentivei a deixar o sofá quente e ir mexer o rabo para a
rua. Com uns olhinhos mimados disse algo do género: “Oh, o vento está a
assustar-me. Eu estou bem aqui.”
O tempo está a mudar. Finalmente, chegaram todos os sinais
de outono. Folhas amarelas caídas no chão, manhãs e noites mais frescas, casaco
pelos ombros, chá quente pela manhã, e poucas horas de luz solar. Mas mais
importante que os sinais, chegaram também todas as contradições desta nova
estação do ano. Recomeça a escola, as rotinas, o cansaço, a azáfama que
antecede as festas em família. Se por um lado as tarefas, os projectos, os
sonhos, as expectativas aumentam deixando a preguiça veranil para trás, por
outro os dias encolhem e o tempo útil torna-se mais fugidio. As folhas amarelas
e os tons de mudança outonal inspiram a caminhadas mais frescas, a piqueniques
com mantinha nas pernas. Mas ao mesmo tempo o outono convida-nos a abrandar o
ritmo, a recolhermo-nos no interior do conforto do lar. Contudo, há uma certa
magia nesta bipolaridade outonal. Eu simplesmente deixo-me levar por ela, tento
ao máximo encontrar o equilíbrio que pode existir nas incoerências do Outono.
No ano passado, foi a primeira vez que presenciei a chegada
do outono na nova casa na aldeia. No campo, as mudanças não passam
despercebidas ou não se baseiam apenas na mudança da cor dos cenários, no raiar
do sol mais baixo ou nos agasalhos que é necessário colocar nas costas. O campo
muda, torna-se mais silencioso à medida que os pássaros abrandam o chilrear, à medida
que o gado começa a ficar mais resguardado, à medida que as vindimas acabam e a
terra começa a hibernar. As pessoas também mudam. Já não digo bom dia aos
agricultores que até agora se levantavam cedo para fugir ao calor. Os cestos
com o fruto das colheitas entram pela minha casa a dentro, lembrando-me que a
abundância vai terminar em breve. Até o ar muda. Ontem depois de muitos meses senti o cheiro
das lareiras. Dei por mim a imaginar a comida de conforto a ser preparada nos fogões de
lenha. Um pensamento que me agradou bastante. Bem mais do que estava à espera.
Galette de Figo, Stilton e Mel
Ingredientes para a massa:
200g de farinha sem fermento
85g de manteiga fria com sal
1 ovo
Ingredientes para o recheio:
8 figos pequenos
30g de queijo Stilton
2 colheres de sobremesa de mel (usei Castanheiro Velho)
Modo de preparação:
Juntamos a farinha e a manteiga cortada em cubos numa taça. Com a ponta dos dedos amassamos os ingredientes até obtermos uma espécie de areia. Juntamos o ovo e amassamos até tudo ficar ligado.
Levamos ao frigorífico durante 30 minutos antes de a usar.
Numa superfície plana esticamos a massa com a ajuda de um rolo de cozinha, até ficar com uma espessura de 5mm. Transferimos a massa para cima da tarteira previamente untada. Pressionamos a base para ganhar a forma da tarteira. Picamos o fundo com um garfo.
Pré-aquecemos o forno a 180ºC. No centro da massa, colocamos os figos previamente cortados, esboroamos o queijo Stilton por cima dos figos. Rematamos com duas colheres de sobremesa de mel.
Levamos ao forno durante cerca de 35 minutos. Deixamos arrefecer um pouco e depois transferimos para cima de uma rede de arrefecimento.
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