Crumble de Maçã, Morango e Framboesa

Comecei a escrever este post no domingo de manhã. Aproveitando a tranquilidade da casa, sentei-me com o computador à frente da televisão. Com o ritmo que tenho levado, nem sempre tem sido possível manter-me atualizada com calma, sem ser a saltar de link para link. Quando dei por mim estava a escrever sobre o Ofélia (a tempestade) e sobre como tem sido difícil ver a natureza mingar no interior à falta de água, ou como tem sido imperativo tomar comportamentos racionais deste bem tão precioso. A verdade é que ainda estava longe de ter conhecimento das chamas se iriam instalar em todo o país. Os meios de comunicação eram ainda parcos em informação sobre esta matéria.




Cresci no campo e sou do campo, do meio da natureza. Sempre tive orgulho das minhas raízes agrícolas e mais do que orgulho, gosto desta minha realidade. Acho que só descobri isso mais recentemente, depois de ter vivido fora do meu campo. Às vezes precisamos de distanciamento para reflectir e descobrir o que nos preenche a alma. Tem sido maravilhoso regressar, sentir o meu corpo a adaptar-se a cada ciclo da natureza, sentir a paz que é chegar a casa ao final do dia. Ver as caras familiares, falar com os vizinhos. Deitar mãos à terra quando é preciso aliviar o stress, ou simplesmente porque a mãe natureza pede tratamentos e mimo. Passear com a CãoMiúda, o mais recente membro da família. Sentir as pessoas atarefadas nas rotinas agrícolas. Sentir a vida.


Mas este privilégio (pelo menos assim o sinto) é por vezes também uma forma de viver de coração nas mãos, em sobressalto, à espera que o sino da igreja toque a repique, ou que o fumo nos acorde dos sonhos mais profundos. Em cada Primavera, Verão e Outono (e têm sido cada vez mais secos, mais agrestes e mais violentos), vivemos de olhar sobre o horizonte. E de telemóvel pronto a acudir quem nos é querido. Este ano, o perigo andou sempre longe. Mas são tantas as histórias, tantos os rostos familiares atingidos. Ainda faltam palavras para decrescer o que vai na alma. Se bem que às vezes, não são necessárias palavras, o silencio é a melhor forma de gerir o indigerível. Hoje sei que não faz sentido falar do Ofélia, se calhar com a cacofonia que vai nos meios de comunicação também não faz sentido falar seja do que for. Talvez o melhor seja mesmo manter o silêncio. 








Crumble de Maçã, Morango e Framboesa
Ingredientes
50g de manteiga
100g farinha de trigo sem fermento
50g de farinha de aveia
500g de maçã descascadas e cortadas aos pedaços
500g de morangos
250g de framboesas
150g de açúcar mascavado

Numa frigideira, levamos ao lume a maçã, os morangos e as framboesas. Deixamos saltear em lume forte durante cinco minutos. Entretanto numa tigela juntamos as farinhas, o açúcar e a manteiga. Amassamos até obtermos uma massa granulada, uma espécie de areia. Num tabuleiro de ir ao forno, colocamos a fruta salteada e parte do molho que resulta do saltear. Por cima colocamos a massa granulada. Levamos ao forno pré-aquecido a 200ºC entre 30 a 30 minutos. Quando a massa apresentar uma cor dourada e cozida retiramos o tabuleiro do forno. Servimos com gelado, ou iogurte e regamos com a parte do molho de frutas que reservámos.








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