Robert Capa

Porque Robert Capa é o meu fotógrafo de eleição, "roubo" o seguinte texto ao blog Arte Photographica, de Sérgio B Gomes.



Há uma fotografia, um despacho noticioso de apenas cinco linhas e uma afirmação que se mostraria premonitória dos riscos de levar até aos limites uma ética profissional. A fotografia – a última fotografia – mostra um grupo de soldados, de costas, a avançar temerariamente no delta do Rio Vermelho, no Vietname, em plena guerra da Indochina. Nas costas deles, mas perto deles – fatidicamente perto –, Robert Capa haveria de perecer imediatamente após este clique, porque sempre levou demasiado à letra o seu princípio profissional, estético e mesmo ético: “Se as tuas fotografias não estão suficientemente boas, é porque tu não estavas suficientemente perto.”

O despacho noticioso desse dia 25 de Maio de 1954 da Associated Press dizia laconicamente: “Robert Capa, fotógrafo da Life Magazine, morreu neste dia depois de ter pisado uma mina em Thai Binh, na região norte da Indochina.” Há ainda a descrição de que o fotógrafo tinha ficado com as pernas dilaceradas, mas com a câmara fotográfica junto às mãos.

Foi assim a vida de Robert Capa, nascido em Budapeste, Hungria, em 1913, e baptizado Endre Ernö Friedman – o nome que haveria de assumir mais tarde tornou-se um pseudónimo profissional mas também existencial. Capa esteve sempre perto dos acontecimentos. E por isso ajudou a fazer História: na Guerra Civil de Espanha (como ainda agora se comprovou, uma vez mais, revelados os negativos que captou, com a sua companheira Gerda Taro e o seu amigo “Chim” durante os anos do conflito); no Dia D do desembarque aliado na Normandia, na 2ª Guerra Mundial; na guerra na Palestina, em 1948; na guerra da Indochina, em 1954. Sempre perto dos acontecimentos. E, por uma vez, demasiado perto.

(No passado, 25 de Maio de 1954, P2, Público, por Sérgio C. Andrade)

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