Captar memórias…nunca antes foi tão fácil fazê-lo. As máquinas fotográficas digitais e os telemóveis, vieram permitir registar todos os momentos, as comidas, as prendas, os convívios em imagens. As redes sociais elevaram a fasquia ao convidar-nos a colocar essas imagens online, a ficarem para “todo o sempre” gravadas no universo digital. Além da partilha, algumas passaram a ter a poderosa ferramenta de nos lembrar que fotografias partilhámos desde que ocupamos espaço nesse cantinho virtual. A nova era digital tem-nos levado a pensar que recorrendo às novas tecnologias podemos registar simplesmente tudo. Mas quando se trata de dar vida ao passado, os smartphones não conseguem igualar o poder dos nossos sentidos.
Existe algo mais evocativo do Natal do que os seus sabores e cheiros distintos? As primeiras fritas, as broas a cozer no forno de lenha, o pão quente com a manteiga a derreter, o vapor das couves a cozer, as especiarias a serem espalhadas em bolos e mais bolos, o sabor fresco das laranjas de inverno… Nesta época do ano, aromas e sabores da comida trazem até nós as melhores e mais deliciosas memórias. Evocam uma sensação mágica de nostalgia. Mas o que é que torna a comida tão emocionalmente potente ao ponto de ser um dos elementos mais importantes em termos de memória?
A comida, através do olfacto e do paladar, conduz as pessoas através de um carrossel de memórias, conseguindo que estas recuem até às memórias mais antigas, aquelas que fazem parte de uma vida inteira. Não sei se acontece convosco, mas grande parte das minhas memórias de infância estão ligadas aos sabores e aos cheiros.
O olfacto e o paladar trabalham em conjunto de forma a que o
cérebro quando é confrontado com determinado aroma consegue antecipar uma
reacção tendo em conta as memórias que são activadas. E sabem o que é mais
engraçado, é que este género de memórias nem sempre é possível de reproduzir
através de outros sentidos ou da linguagem. Acontece-me muitas vezes querer
descrever uma memória olfactiva e perceber que as minhas palavras ficam a anos
luz daquilo que estou a sentir. Não existem palavras suficientes para
descrever a recordação de comer um Sonho de Natal acabadinho de fritar pela
minha avó na sua frigideira preta.
Todos os anos procuro de alguma forma reviver algumas
memórias. Até porque às vezes para entrar no espírito natalício é preciso um
pequeno empurrãozinho. Sabem qual tem sido o truque? Encher a minha cozinha de
um aroma especial, o meu ambientador natalício.
Ambientador Caseiro de Cheiro a Natal
Ingredientes:
Casca de uma laranja
Casca de um limão
1 ramo de rosmaninho
2 colheres de sobremesa de canela ou 3 paus de canela
1 colher de sobremesa de mel
Água
Modo de Preparação:
Numa caçarola juntamos todos os ingredientes. Deixamos
ferver durante cinco minutos. Deixamos que o cheiro deste preparado invada toda a casa.
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