Nove de Janeiro. Poucos dias portanto desde o início do novo
ano. Sente-se no ar, mesmo para os mais descrentes, a possibilidade de sonhar
um novo recomeço, como se estivéssemos a folhear as primeiras páginas de um
novo livro. Ansiamos por um novo enredo, e sonhamos com novos capítulos, sem
nos apercebermos muito bem que a tinta do anterior ainda se encontra impregnada
na pele e na alma. A mudança de um calendário e as mágicas 12 badaladas, fazem-nos
acreditar que tudo é possível. Se somos supersticiosos e sabemos que comemos as
12 passas, aquando das 12 badaladas, ao mesmo tempo que saltávamos do topo de
um banco para chão firme, sentimos que o futuro está garantido. Se somos mais
racionais e temos a certeza que não invadimos a transição anual com
comportamentos pouco científicos, nutrimos a sensação que o futuro contínua
risonho. Somos todos diferentes, com modos diversos de encarar o início de um
novo ano. Mas parece-me que há sempre uma esperança, um acreditar de que se dá
início a uma nova colheita. Não apetece recordar as tempestades que ceifaram
projectos ou as sementes que não vingaram. Antes pelo contrário. Compramos
agendas e prometemos que a partir do início é que vai ser. O planeamento da
sementeira terá regras, e muitas idealizações.
Não vou negar, há muito que me deixei de resoluções de ano novo. E se há lição que 2016 me ensinou foi que às expectativas devemos dar rédea curta, um pouco de sonho, um olhar desconfiado e muito trabalho. Sempre fui uma rapariga de grandes expectativas. Sempre acreditei no mundo com o coração inteiro e um olhar de menina que se deixa surpreender constantemente. Um empenho que também tem dado azo a muitas frustrações, algumas desafiantes, outras nem por isso. Porém, continuo a adorar o frenesim do que leio nos blogues alheios, a amar as conversas com as amigas que me dizem “ este ano é que é”, a devorar os horóscopos anuais como se não houvesse amanhã, a planear o ano com calma e ponderação e a acreditar com toda a força que são sempre necessários e possíveis novos inícios. E mesmo deixando de parte as idealizações, tenho procurado a cada ano que passa focar-me num compromisso. Este ano quero cuidar de mim. Parece um compromisso egoísta. Mas é acima de tudo um puxar de orelhas. Quero deixar as conveniências de lado, quero aprender a dizer não às pessoas que simplesmente não contribuem para o meu conforto, não entendem o que tantas vezes fazemos por elas. Quero deixar de me adaptar aos outros, sem que o gesto seja reciproco. Quero deixar de carregar nos meus ombros o fardo de um peso que não criei. Quero ser mais verdadeira e isso caramba dá uma trabalheira do caraças. Talvez tivesse sido mais fácil anotar num papel uma dúzia de resoluções. Mas isso não teria piada. Um brinde ao novo ano. Ou como aprendi em 2016 na língua mais linda do mundo (gaélico) Sláinte (penso que é assim).
Irish Coffee
Ingredientes para um café
1 colher de sopa de wiskey irlandês
2 colheres de chá de açúcar mascavado
1 chávena de café forte acabado de fazer
2 colheres de sobremesa (bem cheias) de natas
Deitamos o wiskey e o açúcar num copo ou chávena pequena e mexemos com uma colher metálica. Juntamos o café forte. Misturamos bem. Para terminar adicionamos no topo as duas colheres de natas. Servimos de imediato. Nota: não retirem o açúcar da receita, pois este é fundamental para fazer com que as natas fiquem ao de cima.
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