Ainda estávamos a sentir o Verono e já o Natal se andava a
arrastar pelas montras de todos os centros comerciais. A ideia que tenho é que começa
cada vez mais cedo esta época festiva. Ainda estamos a passar do Verão para as
primeiras castanhas assadas e já vomitamos decorações de natalícias, flocos de
neve artificiais e música festiva em altos berros, sem termos a oportunidade de
sentir o verdadeiro espírito natalício. E acho que não estou sozinha neste
pensamento. Na semana passada apanhei várias conversas de café sobre
esta temática. Enquanto escutava as conversações, o meu cérebro culpava todo o
consumismo “shopingueiro” à volta desta quadra festiva. Mas estaremos a perder
o nosso “menino jesus” interior por causa do consumismo à volta destes dias ou
por causa da falta de humanismo com que embrulhamos o Natal.
Confesso. Eu tenho sido uma destas pessoas, que perdem a
magia no olhar quando se fala de Natal. Nos últimos anos, este período esteve
sempre associado às seguintes questões: terei de trabalhar no dia de Consoada? Terei
tempo de confeccionar todos os doces típicos? Será que me esqueci de alguma
prenda? Será que a decoração da Árvore de Natal está perfeita? Como me irei
dividir? Passo a consoada em casa dos pais ou em casa dos sogros? Terei tempo
para partilhar energia positiva com a pequena da família? Tudo pensamentos nada
stressantes, certo?
Tenho saudades das borboletas que sentia quando em tenra
idade a minha mãe me desafiava a ir apanhar musgo, quando ajudava a enfeitar a
árvore dos avós, quando o tempo parecia infinito e dava para chatear o pai
vezes sem fim a jogar monopólio, quando podia enfardar os sonhos da avó, quando
me sentava nas manhãs de Natal, à frente da televisão, a ver o Circo de Natal.
Caramba, tenho saudades do passeio do dia de consoada, quando visitávamos a
família toda e, acreditem, a minha família é gigante. Havia sempre tempo. Como
se ele fosse medido noutra unidade que não a das rotinas e tarefas.
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