

Sempre tive um respeito enorme por quem trabalha a terra, a mãe natureza, e que de forma sustentada contribui para a melhoria do universo. E sem dúvida que neste pacote de admiração se encontram os apicultores. Sabiam que sem abelhas no mundo perderíamos milhares de espécies vegetais, assim como a qualidade dos frutos decairia? Eu só tive consciência desta realidade recentemente, porque nunca despendi tempo com animais com ferrões. Confesso que, talvez devido a minha fobia a agulhas, sempre olhei para as abelhas como um bicho do mal. Lembro-me de ver ao longe o meu avô paterno a mexer nas colmeias, feliz da vida, apesar das ferradelas no corpo com que terminava sempre aquela tarefa. Ele ficava feliz, e eu pensava: a única proximidade que quero com abelhas é com o seu mel. Mas ali estava eu agora, a vestir um fato de apicultor, a tremer que nem varas verdes. Porque me tinha metido naquela aventura? Porque, ele o apicultor experiente, conhecedor da minha vontade de regressar ao campo, tem-me desafiado a conhecer o mundo doce do mel. Perguntei se estaria segura com o fato. Ele, vibrante por ter a quem mostrar a sua arte respondeu: Hoje de manhã só fui picado cinco vezes. Engoli em seco. O filho miúdo do apicultor riu-se de mim e à boca cheia afirmou que não era preciso ter medo. Pensei nas notícias que tenho lido e que dão conta que, nos últimos anos, cerca de 50% das abelhas desapareceram do planeta. E apercebei-me que pelo menos naquela família, a protecção das abelhas estava assegurada já em duas gerações. Deixámos a eira a resplandecer com o sol dourado de outono e embrenhamo-nos na tarefa de recolher o último mel do ano.


Se numa primeira fase, as nossas amigas abelhas quase não se aperceberam da nossa chegada, assim que a família de apicultores começou a invadir as suas casas, tudo mudou. De repente, a chuva de abelhas começou a atingir os fatos, tornava-se cada vez mais difícil fotografar a última colheita, tornava-se cada vez mais difícil aguentar o zumbido incessante que ecoava ao pé dos nossos ouvidos. Elas atiravam-se com força contra as luvas, espetando os ferrões e morrendo. Apetecia-me gritar-lhes em abelhês: Parem, preservem a vossa vida. Na azáfama da colheita e no stress das abelhas, o apicultor tentava fazer sobressair os seus ensinamentos, a sua visão, a sua magia. E foi mágico assistir à felicidade imensa do apicultor quando descobriu que tinha conseguido fazer vingar uma colmeia que estava prestes a desaparecer, devido à falta de rainha. Não há dinheiro que pague isso, não há dinheiro que paguem estas experiências. Não há valor que se possa pagar para conhecer uma atividade tão importante à sustentabilidade do nosso planeta. Portanto, só posso agradecer ao Castanheiro Velho esta oportunidade maravilhosa.




Bolinhos de Ricotta e Mel
Ingredientes
250gr de Ricotta
4colheres de sopa de mel
100gr de farinha
4 ovos inteiros
Pré-aquecemos o forno a 160ºC. Juntamos todos os ingredientes numa tigela. Batemos durante cinco minutos, ou até que os ingredientes fiquem bem ligados. Deitamos a massa em formas untadas e polvilhadas com farinha. Levamos ao forno durante 25 minutos até dourarem. Retiramos do forno e deixamos arrefecer dentro das formas durante 10 minutos. Os bolinhos vão abater mas é perfeitamente normal. Quando estiverem completamente frios, decoramos com favo de mel e frutos secos.



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