As intermináveis colinas, o
verde em comunhão com o azul marítimo, as ruas pavimentadas a pedra cortada em
pequenos paralelepípedos, as casas envoltas em jardins majestosos e imaculados,
estábulos com cavalos de crina brilhante
e as suas pequenas cabanas que convidam a passeios na natureza com direito a
lindos cestos de piquenique. Cresci com o imaginário do countryside britânico muito
presente.
Talvez culpa dos livros de Enyd Blyton que desde cedo acompanharam os
meus serões e os momentos antes de adormecer.
À conta dos livros Os Cinco ou da colecção
Mistério, embalei muitas vezes os meus sonhos em aventuras com piratas, caminhos
secretos, tesouros, desaparecimentos mágicos e claro piqueniques de sonho,
intermináveis e repletos de comida fantástica.
Confesso, adorava as descrições
dos piqueniques que os adultos destas histórias preparavam para os pequenos
aventureiros. Pareciam momentos tão simples, mas ao mesmo tempo tão glamorosos.
Quem é que comia scones ou petit fours ao lanche.
Talvez a minha fixação fosse porque metade das
coisas que eram descritas eu não conhecia, não pertenciam ao universo
gastronómico português. Como por exemplo, os Scones. O que raio eram os scones?
Muitas noites adormeci a imaginar o que seria esta pequena delícia.
Quando era pequena não se ouvia
falar de internet, e os livros componham-se mais com palavras do que
propriamente com imagens. Portanto, durante anos, Scones era uma palavra com
ausência de textura, sabor e aroma. E quando finalmente descobri o que era,
numa barraquinha da Semana das Línguas (evento organizado quando frequentava o ensino
básico), não foi amor à primeira trinca.
Depois de anos a idealizar aquele bolo, tinha as
expectativas altas, ao mesmo tempo que possuía ainda um paladar de adolescente demasiado
viciado em produtos de pouca qualidade e altamente açucarados.
Mas à medida que o tempo foi
passando, foi crescendo em mim uma vontade enorme de morar no countryside
britânico, de visitar zonas como Cotswolds, Kingham, Portree. Na verdade, as
últimas viagens que fiz foram sempre em terras de Sua Majestade ou
relativamente perto. Por exemplo, consigo imaginar-me a viver na pequena aldeia
de Luss, na Escócia, numa cabana, virada para o Loch Lomond, a
comer todos os dias ao pequeno-almoço scones quentinhos.
Se quando tinha 13
anos os scones foram uma desilusão, agora fazem parte da minha vida e estou
sempre à procura de novas receitas. Esta que vos trago hoje, é inspirada numa
receita do Livro Let’s Go Natural, da Go Natural, e junta o melhor de dois mundos. A ideia de scone, que herdámos dos
Britânicos, e a alfarroba, tão natural de Portugal. Espero que gostem.
Scones de Alfarroba
Tempo de preparação: 30 min.
Dificuldade: Fácil
Quantidade: 10 scones
Ingredientes:
250g de farinha de trigo sem fermento
50g de farinha de alfarroba
30g de margarina à temperatura ambiente
1 colher de sopa de açúcar refinado
1 ovo
100ml de leite de soja
1 colher de chá de fermento em pó
Modo de Preparação:
Pré-aquecemos o forno a 170ºC. Com a ajuda de uma batedeira, misturamos
a farinha de trigo, a farinha de alfarroba, a margarina, o açúcar, o ovo, a
bebida de arroz e o fermento, até obtermos uma massa homogénea, mas sem amassar
demasiado. Forramos um tabuleiro de forno com papel vegetal e dispomos pequenas
bolinhas de massa, como devido espaçamento. Pincelamos o topo com bebida de soja. Levamos ao forno cerca de 15 a 20
minutos. Servimos ainda mornos.
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