Escritas


"Um profissional vive sozinho. Para aliviar o corpo, o mundo oferece-lhe uma enorme quantidade de putas. Sempre respeitara rigorosamente essa regra misógina. Sempre. até que a conheci.
Foi num café do boulevard saint-michel. Todas as mesas estavam ocupadas e ela perguntou-me se podia tomar um café na minha. Vinha carregada com uma pilha de livros que poisou no chão; pediu um café e um copo de água, pegou num dos livros e começou a assinalar frases com um marcador. Eu continuei o que estava a fazer antes de ela chegar: examinar o programa hípico.
De repente interrompeu-me para me pedir lume. Estendi a mão com o isqueiro e ela prendeu-a entre as suas. queria guerra, a garota. Há mulheres que sabem comunicar a sua vontade de fornicar sem dizer uma palavra."
(in Diário de Um Killer Sentimental, de Luís Sepúlveda)

1 comentário

Tudo de mim. Ou quase. disse...

Absolutamente desarmante... e delicioso de se ler. Tenho pena de nunca ter lido o livro mas vou fazê-lo de certeza. Bem-hajas pela "dica". :)