"Há uma arrogância implícita nos jornalistas"

(Público 12.11.08, entrevista a Daniel Okrent, 60 anos, primeiro provedor dos leitores do New York Times)


“Diz no seu livro que os jornalistas são pessoas arrogantes. Porquê?
Somos donos da tinta e donos do papel e estamos numa posição em que julgamos outras pessoas numa base diária, mas nunca nos submetemos pessoalmente. Existe uma atitude de defesa em que temos enquanto jornalistas: quando alguém nos critica e acusa de sermos partidários, começamos por identificar a forma como aquela pessoa está errada. Não começamos por nos interrogar se essa pessoa terá razão. E essa seria a forma honesta de fazer o trabalho, começar com uma mente aberta em relação às críticas. Estamos numa posição de fazer declarações e não damos um igual tratamento a alguém que se queixa, existe uma arrogância implícita, de que a nossa opinião tem mais importância.

(…)

Qual é a fronteira entre imprecisões e crime no jornalismo?
É uma questão de intenções. Todos fazemos erros, trabalhamos demasiado depressa, não fazemos a quinta chamada. Esses não crimes, são erros que não deveríamos ter feito, mas sem intenção. Mas quando começamos a dizer: “Vou apanhá-lo, vou deixar esta parte fora da notícia, que explica porque é que ele fez algo” e o fazemos de propósito, porque queremos que o outro pareça mau, isso é m crime sério. Mas penso que acontece mais nos Estados Unidos do que em outros países.”

Sem comentários