Nova experiência

Hoje assisti à minha primeira autópsia….quer dizer, será mais correcto afirmar que hoje assisti a uma autópsia. Foi a primeira vez. E, não sei como definir a experiência. Poderia dizer que foi enjoativo, que foi brutal, ou que foi cativante….A verdade, é que acho que o meu cérebro ainda não processou a informação e não me permite encontrar uma explicação pela minha quase indiferença perante tão invulgar experiência. Contudo, não sou uma pessoa fria ou pelo menos não consigo impor-me o afastamento psicológico necessário para avaliar a situação apenas do ponto de vista técnico. Fecho por momentos os olhos e é a imagem de um homem, e não de um corpo, que assalta a minha consciência, é a imagem de um homem com família, é a imagem de um homem que vivia. Não me arrependo (para já) de ter arriscado a assistir a uma autópsia. Às vezes a imaginação e a ignorância são ingredientes perfeitos para criarmos um cenário “devastador” que nos impede de conhecer a própria realidade. Como disse, não me arrependo, mas fiquei surpreendida por conseguir ultrapassar alguns limites pessoais.
Mas, enquanto o sono começa a cair sobre as minhas pálpebras, atribuindo-lhes um peso insuportável, desejo que a visão de hoje não povoe os meus sonhos e o meu sono descansado.

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