O Amor

Amor…um estado de espírito não garantido, nem sequer sabemos se existe. Contudo, ninguém quer perder a sua tentativa de amar, de entrar num reino mágico, num imaginário colectivo do “final feliz”. Ou não estive se o amor associado a tantos clichés prazenteiros. Passeios ao luar, um ligeiro tremor de pernas, uma sensação nervosa na barriga, um beijo carinhoso revelado num fim-de-semana romântico a dois, uma adrenalina que nunca mais acaba, um final de conto de fadas. Ninguém quer ficar à parte das relações amorosas. Mas, ninguém quer ver que, como em tudo na vida, também o amor tem duas faces. A mais sombria prende-se com as dúvidas sistemáticas e metódicas provocadas pelo desequilíbrio da paixão, pelos desencontros, pela angústia de esperas em vão, pelas expectativas frustradas. Se, por um lado, o amor é, em regra, bom, por outro obriga-nos a investir na descoberta do âmago de nós próprios. Um exercício difícil e nem sempre proveitoso. Basta meia dúzia de incertezas para deitar por terra uma relação, para deitar por terra o “eles viveram felizes para sempre”. O amor não é um dado adquirido, não se baseia numa questão de sorte ou de azar. Atingir esse estado necessita de muito esforço, investimento, cedências e anulação do equilíbrio emocional que nos caracteriza. Erramos muito ao elaborar este conjunto de acções., duvidamos, magoamos, somos magoados, desconhecemos realmente o que define o amor. E, por isso, os amores felizes são raros, uma espécie em vias de extinção. Mas, mesmo assim, continuamos todos a enveredar pela demanda do amor. Porque é que o fazemos? Estaremos todos aptos a ser feliz? Ou será melhor dizer “Não, Obrigado” quando chegar a nossa vez de arriscar?

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