Descobrir o mundo

A cabeça repousava sob o arrefecido vidro do autocarro. Os raios de sol embebiam a tua figura paternal e revelavam, a contra-luz, um sentimento de apreensão. A tua mão jazia sobre a minha. Qual lápide insuperável... Sussurrei ao teu ouvido adormecido pelo embalar aconchegado da trepidação: “Vamos ficar todos bem”. Retirei a mão num gesto afectuoso. Observei o teu respirar calmo. Como te apraz a rotina. Sorri para Diana Krall, inviabilizando a sua mensagem pseudo persuasora. Desci três pequenos degraus, coloquei a mochila às costas e coloquei um pé em Madrid. Com a adrenalina a estimular o meu coração, deixei que a brisa percorrer-se o meu corpo num arrepio de descoberta…

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