Quando era mais nova, a passar aquela fase das borbulhas e
posters espalhados pelas paredes, odiava o Dia dos Namorados. A minha ansiedade
de adolescente revestia-se de pavor cada vez que começavam a soar os passos da
sua aproximação. Tal aflição não se prendia com a falta de namorado ou alguma
insegurança pessoal.
Na verdade, eu não ligava muito a este dia. Eu e algumas pessoas da turma costumávamos organizar uma troca de cartões de amigos secretos. Ajudava as amigas a comprar prenda para os seus mais que tudo. Liamos umas histórias românticas nas aulas de Inglês ou de Francês. Ou seja, um dia com alguns sorrisinhos parvos, mais hormonas no ar do que seria esperado, alguma coscuvilhice e nada mais.
Para mim seria apenas mais um dia, se a minha mãe não insistisse na altura em me pregar partidas nesta efeméride. Ela movida pela curiosidade, engendrava planos atrás de planos que me levavam a revelar os nomes das minhas paixonetas. Eu movida pela incompreensão teenager ficava fula e irritada. Como é que eu me deixava envolver naquelas patranhas. É óbvio que hoje, com o distanciamento de adulta, consigo olhar para trás e rir-me da situação, consigo sentir que estes até eram momentos de bastante cumplicidade entre mim e a minha mãe, que hoje resultam em belas histórias para contar em serões de família.
Na verdade, eu não ligava muito a este dia. Eu e algumas pessoas da turma costumávamos organizar uma troca de cartões de amigos secretos. Ajudava as amigas a comprar prenda para os seus mais que tudo. Liamos umas histórias românticas nas aulas de Inglês ou de Francês. Ou seja, um dia com alguns sorrisinhos parvos, mais hormonas no ar do que seria esperado, alguma coscuvilhice e nada mais.
Para mim seria apenas mais um dia, se a minha mãe não insistisse na altura em me pregar partidas nesta efeméride. Ela movida pela curiosidade, engendrava planos atrás de planos que me levavam a revelar os nomes das minhas paixonetas. Eu movida pela incompreensão teenager ficava fula e irritada. Como é que eu me deixava envolver naquelas patranhas. É óbvio que hoje, com o distanciamento de adulta, consigo olhar para trás e rir-me da situação, consigo sentir que estes até eram momentos de bastante cumplicidade entre mim e a minha mãe, que hoje resultam em belas histórias para contar em serões de família.
Há uma dessas histórias que vai ficar gravada na memória para sempre (ou até ser possuída por alguma demência que me faça esquecer as coisas). Lembro-me de um Dia dos Namorados estarmos todos sentados à mesa de jantar de casa dos meus avós. A minha mãe assumia um silêncio diferente do habitual, notava-se que estava a magicar alguma coisa. Esperou que toda a gente se servisse e que a mesa fosse engolida por aquele sossego de encher a barriga. Nessa calmaria, vira-se para mim e diz: "Cheguei a casa e deparei-me com uma prenda pendurada na porta de casa. Tem um embrulho cor-de-rosa e um bilhete. Depois temos de falar."
Aquilo caiu que nem bomba. Como típica adolescente e com os olhos da família espetados em mim, esperei que as milhentas cores que atingi nesse instante, de alguma forma me tornassem num ser mágico com o poder da invisibilidade. O que não aconteceu. Antes pelo contrário, deu azo a uma conversa repleta de ruborizações embaraçosas.
Assim que chegámos a casa, lá dei eu conta do embrulho e do bilhete com uma proposta de namoro anónima. Isto até podia ter ficado por aqui, se na altura um dos rapazes da aldeia não andasse a deitar a asa para cima de mim. Eu só pensava, como é que lhe ia devolver o presente (que era um perfume simples, bem cheiroso, de bom gosto) e informar que o meu coracaozinho só tinha espaço para o Leonardo DiCaprio? Passei uns quantos dias a fugir do rapaz no recreio, a evitar cruzar olhares com ele. Até que um dia, não consegui fugir às investidas do rapaz e tive de o informar, de lhe partir (achava eu) o coração. Quando ele me informa que nunca tinha deixado nenhuma prenda à minha porta, que nunca me tinha proposto nenhum namorico.....imaginam a minha cara, perceber que tudo aquilo tinha sido uma brincadeira da minha mãe, certo?
Como é que ainda hoje falo à minha progenitora? Porque na realidade ela é a melhor mãe do mundo e porque habitualmente acabava sempre por me compensar destas partidas com um saco de chocolates da Hussel (que naquela altura era a melhor chocolateria na cidade).
Para mim o Dia dos Namorados vai estar sempre ligado a estas partidas e ao chocolate. E, ainda bem.
Quadradinhos de Chocolate, Guinness e Framboesas
Dificuldade: Fácil
Quantidades: Cerca de 25 quadradinhos
Ingredientes:
100ml de Guinness
175 g de chocolate negro
150 g de manteiga
3 ovos
125g de açúcar
130g de farinha
1 colher de fermento
100g de framboesas
Raspa de laranja
Pré-aquecemos o forno a 180ºC. Forramos um tabuleiro
quadrado com papel vegetal. Numa taça, própria para banho-maria, juntamos o
chocolate, a Guinness e a manteiga. Deixamos o chocolate derreter lentamente.
Quando o chocolate estiver derretido, mexemos de forma a combinar todos os
ingredientes. Retiramos do lume e deixamos arrefecer durante alguns minutos.
Noutra taça, juntamos os ovos, a raspa da laranja e o açúcar. Batemos bem e aos
poucos vamos adicionando a farinha com o fermento, sem deixar de mexer. Envolvemos
a mistura do chocolate com a cerveja. Vertemos a massa no tabuleiro previamente
preparado. Dispomos as framboesas a gosto. Eu coloquei em linhas rectas, assim
quando cortamos os quadradinhos, cada pedaço terá uma framboesa. Levamos ao
forno durante cerca de 25 a 30 minutos. Deixamos arrefecer antes de cortarmos
em quadrados.
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