Quem acompanha o blog e a página do facebook do Reservatório de Sensações já se deve ter apercebido como eu aproveito todo e qualquer tempo livre para fugir para o meu campo. E como é bom deixar-me embrenhar nesta altura nas minhas paisagens rurais. Para cada esquine que olhe há uma explosão de sabores e aromas frescos frutados. O pomar está carregadinho. Produzir o que se come é um privilégio muito grande. Para além de sabermos o que estamos a consumir, nos anos mais fartos, podemos presentear os amigos, os familiares, os vizinhos com canastras de fruta fresquinha. Gostamos também de aproveitar os produtos da época e conservá-los de forma a que durem mais tempo. E confeccionar compotas é uma excelente solução. Este ano, uma vez que houve fartura de cerejas, decidi exprimentar fazer compota de cereja (à qual juntei alguns morangos). Posso garantir-vos que o esforço que tive a descaroçar as cerejas foi no final recompensado.
Uma das primeiras regras para se conseguir uma boa compota passa por utilizar apenas frusta fresca, em perfeitas condições de utilização. Caso contrário estaremos a produzir uma compota que se irá deteriorar mais depressa. Devemos usar sempre utensílios de cozinha limpos. Assim como o melhor será confeccionar pequenas quantidades de fruta de cada vez. Isto porque se optarmos por quantidades maiores, o processo de fervura pode demorar e a fruta adulterar-se. É importante também verificarmos se o açúcar se dissolve por completo antes de levantar fervura, para que não se formem grumos. Assim que a compota tiver atingido o ponto correcto, devemos retirar a espuma que se forma na superfície da mesma. Segundo o livro Feito em Casa - Conservas, uma boa compota "apresenta uma consitência equilibrada, deve barrar-se facilmente e não ter líquidos residuais".
Foi também graças a este livro que aprendi como atingir o ponto de consistência das compotas. Tudo na vida tem truque, mas este é bem simples. Devemos colocar um pires no frigorífico durante 15 minutos. Assim que acharmos que a nossa compota está no ponto, desligamos o tacho/panela e deitamos uma colher generosa da mistura quente no prato fresco e levamos ao frigorífico durante cinco minutos. Para verificarmos se está mesmo no ponto, tiramos o pires do frigorífico e empurramos uma beira da mistura com o dedo, se esta enrugar então a compota estará pronta. Se não enrugar voltamos a colocar o tacho/panela ao lume e deixamos cozinhar até ficar mais firme e depois voltamos a testar.
Não se esqueçam que as compotas têm de ser guardadas em frascos esterilizados e deviamente bem seladas.
Ingredientes
800gr de cerejas
200gr de morangos
900gr de açúcar amarelo
Sumo de 1 limão
Descaroçamos as cerejas e deitamos numa tigela (de aço inoxidável, cerâmica ou vidro), juntamente com os morangos já lavados e sem o pedúnculo. Adiccionamos o açúcar e salpicamos com o sumo de limão. Reservamos durante uma hora. Colocamos o conteúdo da tigela numa panela e cozinhamos em lume médio até o açúcar dissolver. Deixamos ferver durante 15 minutos. Apagamos o lume e verificamos o ponto de consistência. Depois de atingirmos o ponto pretendido, deixamos arreferecer durante cinco minutos e retiramos a espuma branca que se forma na superfície. Aguardamos mais dez minutos e em seguida colocamos a compota nos frascos esterilizados. Guardamos os frascos em sítio escuro e ao abrigo do calor. Depois de abertas, as compotas devem ser convervadas no frigorífico.
Nota: A cereja é fruto muito macio que contem pouca pectina (teor gelificante natural), assim sendo, podem comprar pectina artificial e juntar à receita. Se o fizerem, então terão de reduzir o tempo de cozedura para cinco minutos.
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