"Patrões descontentes, patrões ineficientes"

É difícil lidar com a hierarquia nas empresas quando o patrão é um eterno descontente ou um workaholic incapaz de valorizar o trabalho das equipas. Há quem prescinda dos fins-de- -semana, quem trabalhe pela noite dentro e quem se ocupe incansavelmente de dossiês urgentes sem nunca receber uma palavra de estímulo do patrão. A médio ou longo prazo entra fatalmente a desmotivação, que é o princípio da ineficácia.

Há patrões para quem nenhum esforço parece suficiente
e, como sabemos, há quem se queixe ao nosso lado porque depois de muito trabalhar foi chamado ao gabinete do chefe porque havia um erro ortográfico no relatório ou uma informação incorrecta. A frustração dos que trabalham para esta casta de patrões é real e a decepção nem sequer vem das chamadas de atenção.

O pior, mesmo, é a falta de feedback positivo. Acontece que entre "índios e chefes" existe um contrato de relação que tem de ser muito explícito, mas também tem de conter o reconhecimento do trabalho de uns e outros. Muitos patrões funcionam na lógica "good news is no news", ou seja, se o trabalho aparece feito e bem feito não há nada a dizer. Enganam-se. As pessoas não são máquinas, e por isso é essencial encorajar e reconhecer o valor de cada um. A bem da eficácia, note-se.

Laurinda Alves (jornal I, 3/12/04)

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