Diário de uma insónia

Ele acorda. Quando o despertador aponta as 7h30. Não que estivesse exactamente a dormir. Os olhos permaneceram toda a noite abertos para o vazio da escuridão. Só a sua mente adormeceu em pensamentos inquietantes, carecidos, completamente inúteis.

Não…Não se trataram de sonhos. Ele já não sonha, não almeja…apenas divaga na razão inebriada em devaneios paranóicos. Ele já não sonha, porque também já não dorme. Há meses que anseia por uma brecha no seu mundo de insónias, de rotinas, de monótonos quotidianos calcorreados a papel químico, de infrutíferos dias recheados de nadas alarmantes. São 7h30…ele acorda….os olhos abertos reabrem-se para o mundo. Continua tudo escuro, como a sua mente. Porque o dia amanhece na obscuridade do vazio, naquele buraco negro que se chama loucura. Procura levantar-se. O único pensamento racional que lhe ocorre é: “São seis horas nos Açores”. Rebola-se na cama e prepara nova vigília com os olhos pregados no tecto…

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