Focaccia com Tomate Cherry


A época natalícia pede bolachas, bolos e bolinhos. Propostas doces e de preferência bem decoradas. Algo que não me chateia nada. Como já devem ter percebido, pelas receitas que vou partilhando por estas bandas, a minha alma é doce e o meu coração é melaço. Existem milhares, senão milhões, de receitas de doces de Natal. Se procurarmos bem, cada família terá as suas adaptações de receitas tradicionais e se calhar até algumas originais. E na doçura de cada papel amarelado pelo tempo e pegajoso devido ao uso, encontramos muitas histórias familiares, recordações e memórias.

E porque esta introdução sobre doces? Para vos falar de salgados e propor uma receita diferente para a vossa mesa da consoada. Eu sei, eu sei…não pareço estar a fazer muito sentido. "Então ela gosta de doces e vai propor um salgado, está doida!"…dizem vocês. Acreditem faz tudo sentido.

Geralmente, nesta quadra natalícia, deixo os doces e as receitas mais tradicionais ao encargo de quem realmente sabe. A minha mãe, a minha sogra, alguns tios (e a minha avó se ainda estivesse connosco). Eles foram (tenho a certeza) agraciados pelos deuses com uma mão doceira fora de série. As filhoses, os sonhos, as rabanadas acalentam o mais frio dos natais e transportam-me para os serões à lareira, aquelas antigas em que cabíamos lá dentro e defumávamos que nem chouriços entre conversas, jogos, risadas e muita confusão. Por isso, enquanto posso, vou esticando a colher, o garfo, a faca e a gula até aos exemplares doceiros da família.

 

Geralmente, o que acontece nas festas desta quadra natalícia é que fico responsável pelas entradas. Vou buscar muita inspiração à tradição Britânica, com os aperitivos à base de salmão fumado, de queijo stilton e outros que tais, compotas e chutneys que se servem com crackers ou panquecas pequenitas com nomes fancy.  Talvez seja old fashion mas adoro o universo de Mary Berry e dos seus programas requintados. Um guilty pleasure que muitas vezes tento retratar nas minhas festas, mas que acaba sempre numa fusão estranha entre o meu espírito futurista, moderno e um nariz empinado à realeza. Estão a imaginar o quadro? Demasiado surreal.

Sei que provavelmente, lá para frente voltarei a este imaginário (até porque há uma receita de salmão fumado que envolve uma técnica de pastelaria que eu quero muito experimentar), mas este ano a inspiração virá mesmo de Itália. Um país que adorava conhecer e que me emocionou imenso quando a pandemia chegou até ao seu território. Portanto, este ano, a mesa de Natal talvez tenha uma Focaccia linda, que poderá ser servida com queijinhos de diferentes partes do mundo, com o azeite maravilhoso de Portugal, ou com diferentes compotas também elas de inspiração planetária. 

Talvez não pensem em Focaccia quando pensam em Natal. Mas vejam as fotos desta maravilha, tão simplesmente “decorada” com tomates cherrys (estes foram os últimos da horta). Tem ou não tem um aspecto natalício? 

Espero que gostem tanto, como eu gostei, e que viagem um pouco por Itália mesmo que seja só no prato.


 Focaccia com Tomate Cherry
(Receita inspirada no livro Brilliant Bread, de James Morton)

Tempo de preparação: 3horas no total
Dificuldade: Média
Quantidades: para 6 pessoas

Ingredientes:
500g de farinha de trigo
10g de sal
1 saqueta de 7g de fermento de pão
400g de água morna
40g de azeite (de boa qualidade)
Tomate cherry a gosto

Modo de Preparação:

  • Numa taça grande colocamos a farinha. Num lado da taça, por cima da farinha, colocamos o sal e no outro lado o fermento. O objectivo é manter o sal e o fermento separados, uma vez que o sal impede que o fermento cumpra a sua função.
  • Adicionamos a água e o azeite aos ingredientes secos. Misturamos com uma colher.A massa estará bastante húmida. É mesmo assim.
  • Cobrimos a taça com um pano húmido e deixamos descansar durante cerca de 40 minutos em lugar quente.
  • Passados 40 minutos, e depois da massa crescer um pouco, untamos os dedos com azeite e descolamos a massa das laterais da taça e dobramo-la sore si mesma. Pressionando com muita força.
  • Vamos repetindo até que a massa ganhe mais forma.
  • Voltamos a tapar a taça com o pano e deixamos a descansar por mais 50 minutos.
  • Assim que a massa dobrar de tamanho novamente, untamos uma forma com azeite.
  • Colocamos a massa dentro da forma. Com as mãos untadas vamos achatando a massa, o máximo que conseguirmos. Preferencialmente até chegarmos às laterais da forma.
  • Deixamos fermentar mais 30 minutos.
  • Pré-aquecemos o forno a 220º.
  • Inserimos os tomates cherry, previamente lavados, na massa. Basta pressionar e eles vão ficar completamente agarrados.
  • Regamos com um pouco de azeite.
  • Levamos ao forno cerca de 25 minutos.


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