Acho que nunca partilhei convosco, mas fui irmã muito tarde. Mesmo muito tarde, já era eu adulta. Vivi os meus primeiros anos de adulta a equilibrar a vontade de ir para a farra com os amigos com a alegria de acordar de madrugada para acompanhar a minorca nas aulas de natação. Muitos dos meus fins-de-semana foram vividos entre as milhentas actividades da mana e o ingresso no mercado de trabalho. Já para não falar do início da relação com o meu marido, que primeiramente teve de ser aprovado pela miúda traquinas.
Muita gente me pergunta como foi ter uma irmã já em fase
adulta. Acreditem, não preciso de pensar muito na resposta. Foi uma das
melhores surpresas que alguma vez tive, e que foi muito desejada. Soa a cliché
(mas os clichés existem por alguma razão) as crianças são o melhor de uma casa.
Desafiam-nos a ser pessoas melhores, desafiam-nos a olhar para o mundo de
diferentes perspectivas, desafiam-nos a sermos sempre crianças.
Sem a pequenita, será que, aos vinte e poucos anos, teria eu saltado que nem louca em cima da cama, soltando gargalhadas estridentes até me doer a barriga? Sem a pequenita, será que no início da minha vida profissional iria sair a correr do trabalho para ir brincar nos escorregas e baloiços? Será que sem a pequenita iria ter vontade de continuar a alimentar a criança que há em mim? Provavelmente não. Apesar do meu lado bobo da corte, que uso para aligeirar situações incómodas ou tristes por parte de outras pessoas, sou um ser extremamente sisudo. Extremamente focado em responsabilidades. A miúda cá de casa (desculpa, mas vais sempre a minha miúda) abriu essa possibilidade de continuar a brincar.
No ano passado, encontrei esta frase: We don't stop playing because we grow old | We grow old because we stop playing!, de George Bernard Shaw. E não podia estar mais de acordo com ela. Acredito que o mundo seria um lugar bem melhor, se todos continuássemos a brincar, a rir, a partilhar, a falar, a questionar os porquês, a admirar as singelas surpresas da vida e a comer chocolate como as crianças tão bem sabem fazer.
Bolo de Chocolate e Mirtilos, com Ganache de Chocolate
Dificuldade: Fácil
Quantidades: 12 fatias
- Pré-aquecemos o forno a 160ºC. Untamos uma forma.
- Num processador de cozinha, trituramos os mirtilos juntamente com o sumo de limão. Reservamos.
- Batemos, com a ajuda de uma batedeira eléctrica, a margarina, os ovos e o açúcar até obtermos uma mistura fofa.
- Alternadamente, adicionamos a mistura de mirtilos, a farinha (já com o fermento incorporado) e o chocolate em pó. Envolvemos bem.
- Vertemos na forma e levamos ao forno cerca de 45 minutos.
- Para prepararmos a ganache, aquecemos as natas em lume brando. Não deixamos ferver.
- Vertemos as natas bem quentes por cima do chocolate negro previamente partido em pedaços pequenos.
- Misturamos levemente com uma espátulo. Deixamos o chocolate derreter.
- Quando isso acontecer, voltamos a mexer até obtermos um creme suave.
- Deixamos a ganache arrefecer antes de espalhar por cima do bolo.
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