Bolinhas de Bounty Caseiras

Este meu cantinho nunca será um espaço politico-socio-cultural. Contudo, isso não quer dizer que de vez em quando não meta a colher em assuntos mais profundos e que me inquietam. Hoje celebra-se o Dia da Mulher. Um dia importante para mim não apenas porque sou mulher, mas porque me lembra a luta de muitas mulheres no passado, lembra-me o caminho que já foi percorrido e tanto que há ainda para fazer. Não sou socióloga, mas pelo que sinto na pele e pelo que vou lendo nas notícias, há uma evolução positiva. No entanto, os tempos andam estranhos, os casos de violência doméstica acumulam-se nos meios de comunicação social, deputados europeus rebaixam as mulheres de forma impune, os salários são sempre mais benéficos para homens e as mulheres se querem trabalhar têm de adiar a maternidade. Portanto, cada vez mais é preciso não baixar os braços, e acima de tudo é necessário que as mulheres se mantenham humildemente unidas. E é sobre isso que incide este meu desabafo. 




No outro dia ouvi a seguinte conversa de café entre duas mulheres: "Uma mulher que tenha os filhos de cesariana nem se sente mãe a sério, não é?" Eu que ainda nem sequer sou mãe suspirei e agarrei-me à cadeira, para não interromper abruptamente a conversa alheia. Contei até 10, enquanto ouvia os argumentos. "Mãe que não dá a luz de parto normal não sente as dores, não sente o alívio final do parto, não sente a emoção de ser mãe". Uau. Como se a condição de mãe se pudesse resumir apenas e só ao momento do Parto. Senti-me desolada ao ouvir esta conversa. Lembrei-me de tantas outras proferidas por mulheres contra mulheres. Como por exemplo: “ela vestiu uma saia tão curta e estava à espera que os homens não a atacassem”, ou “ela também nunca vai ser ninguém na vida porque só quer estar na cozinha a fazer receitas” ou quando uma mulher me questionou numa entrevista de emprego: “Tenciona engravidar nos próximos tempos?”. Podia continuar com o rol de conversas absurdas que tenho ouvido. Desculpem-me mas parece que há um defeito na genética das mulheres ou algo culturalmente enraizado, que as incitas a ser más, a julgar, a denegrir, a criticar, como se não houvesse amanhã, as outras mulheres. Haverá necessidade disso? O que nos move mulheres a ser assim? Atenção, não quero incorrer em generalizações totalitárias. Apenas desabafo o que me vai na alma, tendo em conta a minha realidade, as mulheres que me rodeiam, estejam elas num patamar profissional ou pessoal. E é cada vez maior a pressão entre as mulheres. Lemas como as Mulheres são as novas super heroínas ou Womem Rule the World assustam-me. Porque uma vez mais entre as mulheres há toda uma imposição da perfeição, de que temos de viver sob a mesma bitola, temos de assumir as mesmas ambições, viver os mesmos desejos. Isso retira nos, a nós mulheres, força, diversidade, qualidades. 


Sempre que falamos dos direitos das mulheres, há uma tendência para a vilipendiação dos homens, como sendo os homens os maus da fita, quando tantas vezes cabe às mulheres a mudança de mentalidades. Aceitar que as mulheres não têm de ser concorrentes, não têm de ser perfeitas, não têm de se comparar. Aceitar que se podem ajudar, que podem marchar juntas. Feliz Dia da Mulher em união, em compreensão.




Bolinhas de Bounty Caseiras

Ingredientes
200g. de coco ralado de boa qualidade
4 colheres de sopa de óleo de coco
2 colheres de sopa de leite (pode ser substituído por bebida vegetal de coco ou de arroz)
2 colheres de sopa de açúcar em pó
160 g. de chocolate negro (com mais de 70% de cacau)

Juntamos o coco e o açúcar em pó. Adicionamos três colheres de sopa de óleo de coco, o leite e misturamos bem até todos os ingredientes ficarem envolvidos. Moldamos pequenas bolinhas da seguinte forma: com a mão direita pegamos num pedaço da mistura, o equivalente a uma colher de sobremesa cheia, e amassamos lentamente para dar calor aos ingredientes e estes começarem-se a fundir. Assim que obtemos uma espécie de bolinha tosca, melhoramos a sua forma girando a bolinha entre as duas mãos. Colocamos num tabuleiro revestido com papel vegetal e levamos ao frigorífico durante 6 horas. Passadas seis horas preparamos a cobertura de chocolate. Em banho-maria derretemos o chocolate e um colher de óleo de coco. Mergulhamos as bolinhas no chocolate e voltamos a colocar no tabuleiro. Levamos ao frigorífico durante cerca de uma hora para que o chocolate solidifique. Conservam-se num tupperware no frigorífico cerca de uma semana.







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