Cá
em casa adoramos dicionários e sempre que aparece um novo não lhe conseguimos
resistir. Pode parecer um gosto estranho, mas a verdade é que não suportamos
aquela sensação de ficar com a pulga atrás da orelha sobre determinados
assuntos. Pode até parecer que este é um gosto bafiento. Muitas pessoas nos dizem,
porque precisam de tantos livros se hoje existe a internet. Desculpem-me mas nada,
mesmo nada substitui uma boa estante de livros. A cara-metade concorda comigo. E
por isso damos por bem entregue o investimento que fazemos em papel repleto de
nomes, curiosidades e explicações que põe o nosso cérebro a pensar. E desenganem-se
se acham que estou apenas a falar de dicionários gramaticais. Nada disso, nas
estantes cá de casa há dicionários para todos os gostos: sobre insultos, sobre
a história de Portugal, sobre provérbios e dizeres e claro está sobre
culinária. E se estão a ler isto e ainda a torcer o nariz, então é porque ainda
não leram o Dicionário Prático da Cozinha Portuguesa, de Virgílio Nogueira Gomes. Uma
obra prática e útil que permite enriquecer os conhecimentos gastronómicos de
qualquer pessoa. Acho que depois de lerem a entrevista vão querer esta obra na
vossa estante.
Como e porque é que surgiu este livro?
Há
anos que “colecciono” palavras ligadas ao universo culinário português. Também
faço uma recolha de receituário regional. Surgiu um convite da Makro para um
livro a ser editado no seu 25ª aniversário em Portugal, gostaram do projecto e
foi um ano de trabalho árduo a juntar termos, produtos e receitas.
O que é que o leitor pode encontrar
nesta obra?
Neste
livro, sob a forma de um dicionário, encontramos por ordem alfabética termos da
nossa arte culinária, receitas e identificação dos produtos qualificados e
outros. Também encontramos alguns termos de países de língua portuguesa e
muitos deles já entraram nos nossos diálogos.
Há vários que escreve livros sobre
gastronomia e tem um conhecimento vasto sobre a matéria. Necessitou de efectuar
pesquisa/investigação para redigir esta obra? Ou já conhecia todos os termos
que usou?
Claro
que um livro deste género obriga a investigação e muita pesquisa para confirmar
que, pelo menos, tem o fundamental de cada região portuguesa. Verifiquei vários
inventários e publicações regionais. Foram poucos os termos que não conhecia. A
colecção dos meus apontamentos que diariamente recolho é longa.
Como é que foi feita a selecção do que
iria ser incluído no dicionário? Que critérios utilizou?
O
critério principal foi o espaço geográfico. Portugal Continental e Ilhas dos
Açores e Madeira. Depois acrescentar países de língua portuguesa.
Teve de deixar algum conteúdo de fora
da versão final?
Uma
obra desta dimensão nunca está acabada.
Já encontrei alguns termos ou receitas que podem ser incluídas em próxima
edição. Felizmente a lista ainda é muito pequena. Depois há termos regionais ou
receitas que são apenas conhecidas em algumas localidades ou por poucas
pessoas.
Ao longo do livro encontram-se
termos/receitas/produtos familiares ao ouvido, outros nem tanto. Tendo em conta
a sua experiência, que palavras/nomes os leitores estranham mais? Tem esse
feedback?
Não
é fácil enumerar. Tenho tido reacções muis agradáveis e elogiosas como
perguntarem como descobri alguns termos muito localizados. Outros que a forma
como fazem a receita tem ligeiras diferenças.
A quem se destina esta obra?
Ao
público em geral e em especial ao que mais curiosidades têm sobre a
alimentação. Será importante para todos os que gostam de cozinhar e tirar
algumas dúvidas sobre receitas. É importante para os alunos das escolas de
cozinha e muito em particular para os empregados de mesa que têm dificuldade em
explicar rapidamente um prato.
Algum conselho de leitura para quem
adquirir este livro?
Não
se lê como um romance… Serve especialmente para tirar dúvidas ou encontrar
algumas curiosidades da nossa arte prazeirosa da mesa.
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